"Não é expectável que no próximo par de anos precisemos de uma 3.ª dose"
Investigador do Instituto de Medicina Molecular Miguel Castanho comentou a decisão da Agência Europeia do Medicamento de aprovar uma dose de reforço da vacina anticovid-19 a pessoas com "sistemas imunitários gravemente enfraquecidos".
© Reuters
País Covid-19
O investigador do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Miguel Castanho garante que "não é expectável, de forma alguma" que seja precisa uma dose de reforço da vacina contra a Covid-19 para a generalidade da população "no próximo par de anos".
Depois de ter sido conhecida, esta segunda-feira, a posição da Agência Europeia do Medicamento de recomendar a administração de terceiras doses das vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna a pessoas com sistemas imunitários muito frágeis, o investigador afirmou, em entrevista à RTP3, que não ficou surpreendido com essa posição.
"Não há matéria de facto que sustente a adoção de terceiras doses para pessoas saudáveis", referiu. "A partir do momento em que tivermos dados palpáveis que indiquem que a proteção imunitária, mesmo para pessoas saudáveis, está comprometida, aí sim. E acho que devemos fazê-lo com uma versão atualizada da vacina e não com as vacinas atuais", defende.
"Mas nada aponta que esse momento esteja iminente", sublinha o professor catedrático de bioquímica. "Não se espera que haja uma perda total da eficácia das vacinas já nas próximas semanas, nos próximos meses ou nos próximos anos."
Segundo o investigador, há indícios que existem células de longa duração que estarão aptas a fazer a produção de anticorpos quando for necessário, portanto "não é expectável, de forma alguma, que no próximo par de anos precisemos de uma terceira dose, a menos que surja uma nova variante que escape à ação das vacinas".
"Se surgir uma nova variante temos de lidar com essa variante como se fosse um novo vírus", refere, afastando a possibilidade de que a decisão da Agência Europeia do Medicamento se inverta tão cedo.
Miguel Castanho admite que a questão ética de muitos países ainda precisarem de vacinas também tenha pesado na tomada de posição da EMA, mas crê que essa "não terá sido a primeira linha de razões" para a decisão hoje conhecida.
A Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) aprovou esta segunda-feira a inoculação da terceira dose das vacinas contra a Covid-19 da Pfizer/BioNTech e da Moderna.
Num comunicado, o regulador europeu sublinha que as duas vacinas podem ser administradas a pessoas com sistemas imunitários muito frágeis, pelo menos 28 dias após a toma da segunda dose.
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