Investigação sobre PSP e GNR exige atitude de "lucidez" e "consequência"

MAI defende que é necessário apurar responsabilidades, mas pede lucidez para não confundir "a parte como um todo". José Luís Carneiro mostra-se ainda disponível para responder a todas as questões na Assembleia da República.

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Carmen Guilherme
17/11/2022 17:07 ‧ 17/11/2022 por Carmen Guilherme

País

Forças de segurança

O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, reagiu, esta quinta-feira, à reportagem de um consórcio de jornalistas sobre frases discriminatórias atribuídas às forças de seguranças, considerando que esta investigação exige da parte do Governo "uma atitude de grande lucidez, de firmeza, determinação e consequência".

"Lucidez, em primeiro lugar, para determinar como foi determinado, que a Inspeção Geral da Administração Interna, com isenção, imparcialidade, independência e rigor, apure as origens, os factos e proponha decisões", começou por dizer José Luís Carneiro, em declarações aos jornalistas, em Lisboa.

"Por outro lado, lucidez para não confundir a parte com o todo. E eu queria deixar aqui uma palavra para a esmagadora maioria dos mais de 40 mil polícias e guardas, que todos os dias zelam pela defesa dos valores constitucionais e do Estado de direito. Lucidez ainda para evitarmos a partidarização num tema tão sensível e tão importante numa função de soberania e numa função primacial do Estado", acrescentou.

O ministro continuou a sua explicação e defendeu é preciso "firmeza" porque há uma "necessidade" de "apurar responsabilidades" e determinação - que resulta no inquérito que foi mandado abrir - para que a investigação seja "célere", "ampla" e "tão profunda" quanto necessário.

"E deve ter consequências, porque, naturalmente, todos quanto atentam contra os valores constitucionais e que integram forças que têm por dever a proteção desses valores constitucionais, têm deveres acrescidos para com os cidadãos que juraram defender", sublinhou.

Questionado sobre se não deveria ocorrer uma suspensão "provisória" ou "preventiva" de funções dos envolvidos, o governante foi claro, reiterando que é necessário investigar.

"Primeiro é necessário determinar com clareza, rigor, profundidade, a origem, a identidade e saber se efetivamente se trata das identidades que são referências ou se por vezes, como já tem acontecido, há usurpação de identidades. É por isso que é necessário um inquérito que seja independente, isento, rigoroso e apure responsabilidades", defendeu.

José Luís Carneiro aproveitou para voltar a pedir "lucidez" no modo como se olha para as forças de segurança, para que não se confunda "a parte como o todo" e deixando uma palavra de "confiança" às "mulheres e homens" que "todos os dias zelam pela salvaguarda dos valores constitucionais e do Estado de direito democrático".

O ministro da Administração Interna recusou-se a prestar mais declarações sobre o assunto, mas mostrou-se disponível para responder a todas as questões no Parlamento. "Estou disponível para ir ao Parlamento explicar todas as questões que houver a explicar", rematou.

Recorde-se que uma reportagem da responsabilidade de um consórcio de jornalistas, divulgada na quarta-feira, mostra conteúdos e frases de conteúdo discriminatório, xenófobo e racista, publicados em redes sociais fechadas, e que são atribuídos a elementos da PSP e da GNR.

Segundo o trabalho, de Pedro Coelho, Filipe Teles, Cláudia Marques Santos e Paulo Pena, divulgado na  SIC, no Setenta e Quatro, no Expresso e no Público, todos os agentes e militares da PSP e da GNR que escreveram as frases em causa nas redes sociais estão no ativo.

O caso levou a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) a anunciar a abertura de um inquérito.

[Notícia atualizada às 17h31]

Leia Também: Inaugurada escultura "inédita" com armas apreendidas pela PSP

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