Há mais três mulheres, antigas investigadoras do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, a acusar Boaventura de Sousa Santos de assédio, e recorreram a uma advogada no Brasil para se fazer ouvir.
Segundo a SIC, que falou com a intercessora, as mulheres querem relatar as experiências que viveram à nova comissão independente, que está a ser formada para investigar as denúncias.
“Ele tentou investir, encostando-se ao corpo dela. Com a [reação] negativa à continuidade dessa aproximação com um objetivo sexual, o professor passou a desqualificá-la publicamente, desqualificar o trabalho científico que ela desenvolvia”, relata Daniela Felix, que representa as mulheres.
As outras duas mulheres relatam ainda que, no Centro de Estudos Sociais, o trabalho de mulheres e homens era diferente, embora todos fossem investigadores. As mulheres faziam trabalhos menores e até mesmo domésticos.
Uma das mulheres terá sido mesmo desencorajada a avançar com uma denúncia.
Recorde-se que recentemente foram tornadas públicas acusações de assédio sexual feitas por três ex-investigadoras do CES a dois professores - Boaventura Sousa Santos e Bruno Sena Martins - que negaram todas as acusações.
As três investigadoras que passaram pelo CES denunciaram situações de assédio e violência sexual por estes dois membros do centro de estudos, num capítulo do livro intitulado 'Má conduta sexual na Academia - Para uma Ética de Cuidado na Universidade', publicado pela editora internacional Routledge.
Num comunicado divulgado, Boaventura de Sousa Santos refere que decidiu afastar-se das atividades do CES, para que "a instituição possa fazer, com toda a independência que é necessária, as averiguações das informações apresentadas e dar consequência ao processo de apuração interna" através de uma comissão independente.
Também o próprio CES informou que os investigadores estão "suspensos de todos os cargos que ocupavam" na instituição até ao apuramento das conclusões da comissão independente que vai averiguar as acusações.
Boaventura de Sousa Santos é diretor emérito do CES e coordenador científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa daquela instituição, fazendo também parte da comissão permanente do conselho científico do centro de estudos.
Já Bruno Sena Martins, formado em Antropologia, é, de acordo com o "site" do CES, co-coordenador do programa de doutoramento Direitos Humanos nas Sociedades Contemporâneas e docente no programa de doutoramento Pós-Colonialismos e Cidadania Global, tendo sido vice-presidente do conselho científico entre 2017 e 2019.
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