"Conduta errada e individual". Músicos do Stop recusam ter retirado selos

Os músicos do centro comercial Stop, no Porto, afirmaram hoje que não vandalizaram os selos colocados em lojas há uma semana pela Polícia Municipal, condenando o ato que levou a Câmara a apresentar queixa no Ministério Público.

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© Rui Oliveira/Global Imagens

Lusa
25/07/2023 17:28 ‧ 25/07/2023 por Lusa

País

Porto

Em comunicado, os músicos do Stop afirmam que, "para que não restem quaisquer dúvidas", os artistas, músicos e lojistas não vandalizaram, retiraram ou interferiram com os selos colocados na maioria das lojas do centro comercial pela Polícia Municipal.

"Condenamos o ato em si e, acima de tudo, reprovamos qualquer declaração, falsa e difamatória, que ponha isso em causa, porque responsabiliza pessoas que se têm reunido e organizado de forma exemplar para combater uma ação abrupta por parte da Câmara Municipal e respetiva Polícia", afirmam.

As duas associações que representam os músicos salientam que tudo fizeram para que a manifestação, que na segunda-feira reuniu milhares de pessoas, decorresse sem incidentes.

"Não podemos ser diretamente responsabilizados por uma ação consequente de uma conduta errada e individual", acrescentam.

Os músicos esclarecem ainda que no final da manifestação "foi transmitido às forças policiais da PSP a existência de indivíduos não pertencentes à comunidade que estariam a vandalizar os mesmos selos, principalmente em lojas do piso 0 e 1".

A presença dessas pessoas, dizem as associações, foi também transmitida e registada no livro de ocorrências pelo pessoal responsável pela segurança do centro comercial.

"Esta comunidade não tem interesse em atos que possam prejudicar a sua missão principal: reabrir, preservar e valorizar o património que é o Stop", destacam.

As associações acrescentam ainda que se encontram "de forma célere" a analisar a proposta feita pela autarquia.

Em declarações à Lusa, o vereador da Economia da Câmara do Porto, Ricardo Valente, afirmou ao final da manhã que em 38 lojas do Stop existiam "selos quebrados" e que a Polícia Municipal estava já a proceder à selagem e a participar ao Ministério Público (MP) o crime de desobediência pública.

Mais de uma centena de lojas do centro comercial Stop foram seladas há uma semana pela Polícia Municipal por "falta de licenças de utilização para funcionamento".

O vereador considerou a quebra dos selos "uma falta de respeito" pelo esforço que tem sido feito pela autarquia para chegar a acordo com os músicos.

Contactado pela Lusa, o presidente da Associação Cultural de Músicos do Stop, Rui Guerra, disse não saber quem retirou os selos das lojas e que a situação, "que é muito grave", iria ser, entretanto, analisada.

Também o presidente da Alma Stop, Bruno Costa, disse desconhecer quem retirou os selos, mas ter a certeza de que nenhum músico iria retirar os selos para desobedecer à lei.

Na sexta-feira, o presidente da câmara, Rui Moreira, admitiu que o espaço poderia reabrir desde que cumpridas medidas de segurança, nomeadamente ter em permanência um carro de bombeiros, com cinco operacionais, mas não mais do que 12 horas.

A autarquia disponibiliza-se a investir em meios de segurança (mangueiras e agulhetas) e dar formação aos utilizadores do espaço para que, em caso de incêndio, saibam como agir, adiantou Rui Moreira.

A proposta de reabertura do centro comercial foi recebida com cautela pelas duas associações que representam os músicos, que ainda estão a deliberar quanto à viabilidade da solução e o futuro do espaço. 

O administrador do condomínio do Stop, Ferreira da Silva, assinou na segunda-feira o acordo da autarquia que compromete a administração a "adotar e fazer adotar comportamentos de segurança e de medidas de autoproteção e mitigação do risco de incêndio".

Respeitar e fazer respeitar o horário de 12 horas de funcionamento do Stop, zelar pela correta utilização da instalação elétrica e colaboração com o regimento de sapadores e com a câmara fazem também parte do termo de compromisso e responsabilidade assinado.

Como alternativa ao centro comercial, a câmara apresentou como soluções a escola Pires de Lima ou os últimos pisos do Silo Auto.

Para os músicos, ambos os espaços "carecem de condições para albergar toda a comunidade do Stop", não as considerando como uma solução para o seu realojamento.

Leia Também: Lojas do Stop com selos destruídos têm "todas as portas intactas"

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