Nove gamos de um parque florestal da ilha das Flores, nos Açores, foram abatidos, esta semana, pouco mais de um ano depois de 19 animais da mesma espécie terem sido também abatidos.
Tal como o ano passado, o diretor regional dos Recursos Florestais, Filipe Torres Tavares, explicou ao Notícias ao Minuto que o abate faz parte de uma "gestão de espécie", de "controlo de densidade populacional", uma vez que os parques da ilha não têm espaço suficiente para todos os animais.
Questionado sobre o que falhou no planeamento de natalidade do ano passado para este ano, Filipe Torres Tavares revelou que o abate destes animais já estava previsto desde o ano passado. Só não foi feito porque as instituições de caridade a quem é doada a carne "não tinham capacidade" para a guardar tantos quilos.
Ao Notícias ao Minuto o responsável admitiu ainda que "será necessário mais abates", uma vez que os animais continuam a reproduzir-se.
Para já, a única medida de planeamento de natalidade da espécie adotada foi "colocar apenas um macho junto das fêmeas".
Problema "herdado"
Tal como já tinha dito o ano passado, o diretor regional dos Recursos Florestais garantiu que o problema dos gamos nos Açores, "não só nas Flores", foi "herdado" dos governos anteriores e que agora "tem de ser tratado ao longos dos anos".
"O espaço é limitado e os detentores de cargos, às vezes, têm de tomar decisões difíceis, como esta", realçou.
Apesar do "controlo populacional" de gambos na região gerar consternação junto da população e de alguns partidos, como o PAN - que já apresentou, queixa na GNR sobre o mais recente abate -, Filipe Torres Tavares garante que esta também é uma forma de assegurar que "os animais que ficam continuam a viver em boas condições".
"Animais são tratados como reis e rainhas"
"Vivem em ótimas condições, são tratados como reis e rainhas. O pelo está luzidio, comem bem. Aliás, se se reproduzem é porque estão felizes", reiterou.
Já quanto aos abates, o responsável político assegurou que são feitos tal como uma vaca. No matadouro, depois das devidas autorizações, na presença de um veterinário e que o executivo regional "tem sempre a preocupação de dar um destino nobre à carne".
Além disso, recorda Filipe Torres Tavares ao Notícias ao Minuto, os gamos são uma espécie "zootécnica" e "podem ser abatidos", tal como está escrito no Regulamento de Execução da Comissão Europeia, publicado em março de 2020, no Jornal Oficial da União Europeia.
"Isso acontece também em Portugal Continental, onde, aliás, são até caçados a tiro", notou o diretor regional.
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