Parlamento? "Não se pode questionar a liberdade de expressão"

O Presidente da República avisou hoje que "não se pode questionar a liberdade de expressão e de pensamento" no parlamento, que traduz a vontade dos portugueses, e saudou Aguiar-Branco pelo esforço de gerir uma "fórmula complexa".

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Lusa
18/12/2024 13:56 ‧ há 3 horas por Lusa

País

Marcelo Rebelo de Sousa

Na tradicional apresentação de cumprimentos de boas festas da Assembleia da República ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou, por várias vezes, que a pluralidade atual no parlamento, com nove partidos, "significa uma manifestação plural de opiniões na sociedade portuguesa".

 

"Não se pode questionar a liberdade de expressão e de pensamento no âmbito da casa da democracia, o que se pode é desejar que os portugueses continuem a ter na Assembleia da República aquilo que eles quiseram ter, pelo seu voto, que deve ser respeitado, e deve, naturalmente, marcar 2025 como marcou 2024", defendeu.

O chefe de Estado saudou a Assembleia da Republica e, em particular, o seu presidente, o social-democrata José Pedro Aguiar-Branco, pela gestão desta nova realidade.

"Naturalmente, o papel do presidente da Assembleia da República é muito importante. E é diferente do papel desempenhado por antecessores seus em circunstâncias também diferentes. De alguma maneira, a vontade dos portugueses convidou a Assembleia da República e o Governo a construir em dia a dia uma resposta à sua vontade eleitoral", afirmou.

Marcelo Rebelo de Sousa salientou que a atual composição parlamentar "aponta um caminho", que é o de obrigar a várias forças políticas, "nomeadamente aquelas que sustentam o Governo, a um esforço constante de diálogo, para poderem viabilizar aquilo que consideram ser essencial para o cumprimento das promessas feitas aos portugueses".

"É uma experiência diferente das experiências que percorreram o resto destes meus dois mandatos", disse, recordando os governos minoritários do PS de António Costa, que tinham uma "sustentação mais ou menos estável", e depois uma maioria absoluta.

O Governo PSD/CDS-PP, assente em 80 deputados, mais dois do que o PS, é para o chefe do Estado, "uma quarta fórmula, diferente, mais exigente, mais complexa, mas que traduz a vontade dos portugueses".

Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que a crise económica em alguns países e a instabilidade internacional pode ter "reflexos internos e acordar temas, que são temas em que também a pluralidade, o pluralismo das opiniões é muito marcado".

"Foi um período em 2024 exigente, desafiante, e tudo indica que possa vir a ser em 2025", anteviu.

Tal com tinha feito nos cumprimentos ao Governo, voltou a saudar a viabilização do Orçamento do Estado para 2025, que permitiu dar um sinal positivo às instituições internacionais.

"A Assembleia tem um papel central e devo louvar a forma como se tem desincumbido dessa missão, e o relacionamento institucional, verdadeiramente impecável, que a Assembleia, enquanto órgão de soberania, tem tido com o Presidente da República, e que o Presidente da República tem tido com a Assembleia", disse.

Neste plano, destacou, tem havido um esforço para não haver "momentos críticos ou de ruído" em matérias como a fiscalização da constitucionalidade ou de juízo político das votações parlamentares.

O Presidente da República terminou desejando a todos as boas festas, incluindo nesse voto o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, que representou o Governo neste momento.

"Acaba por ser considerado, não como elemento da família parlamentar, mas como um elemento que também é importante na perceção pelo Governo daquilo que é a sua situação efetiva no quadro desta composição parlamentar. É a que é, pela vontade dos portugueses", concluiu.

Na foto de grupo, que se seguiu aos discursos, Marcelo até fez questão de puxar Pedro Duarte mais para a frente.

A sessão de cumprimentos contou, além do presidente da Assembleia da República, com a presença dos vice-presidentes do parlamento do PSD e da IL (estiveram ausentes os 'vices' do PS e do Chega), os líderes dos grupos parlamentares do PSD, PS, Chega, IL, BE, PCP, Livre e CDS-PP e a deputada única do PAN, bem como dos secretários e vice-secretários da Mesa da Assembleia.

Leia Também: "Cúmplice" do Chega? "Não elegeram para sermos polícias uns dos outros"

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