"Não me recordo de nada", contou Avelino Teixeira, de 65 anos, ao coletivo de juízes do Tribunal São João Novo, no Porto, onde começaram hoje a ser julgados os alegados quatro agressores que recusaram prestar declarações.
Adelino Teixeira, que exercia funções de vigilância no condomínio de André Villas-Boas, depois dos muros daquele terem sido grafitados, explicou que, na noite das agressões, a 22 de novembro de 2023, estava no interior da casa, mas cerca das 04:30 foi descansar para o seu carro que estava no exterior, altura em que foi agredido.
Contudo, o vigilante disse que não se lembra de ter sido agredido, nem por quantas pessoas, sabendo do que aconteceu pela mulher quando acordou no hospital.
Além de o terem agredido, os suspeitos roubaram-lhe o carro e os documentos pessoais que estavam no seu interior.
Na sequência das agressões, Avelino Teixeira explicou ter sofrido múltiplas fraturas, nomeadamente no nariz, olhos e costas, passando, desde então, a ser seguido nas especialidades de cirurgia maxilofacial, neurologia, oftalmologia e neurologia.
"Fiquei com problema visuais, com uma espécie de sombra nos olhos, sobretudo no esquerdo que me incomoda muito", sublinhou.
E, a somar a isto, passou a tomar medicação diária, ficou receoso, intolerante e ansioso, vincou.
Avelino Teixeira referiu ainda que o carro acabou por aparecer "mal estimado", um mês depois ao pé de sua casa, sem bateria, rádio, isqueiro, para-choques e óticas partidas, tendo gastado 1.300 a repará-lo.
André Villas-Boas, que também é assistente no processo, foi dispensado desta primeira audiência de julgamento a seu pedido.
Segundo a acusação, a que a Lusa teve acesso, os quatro suspeitos, entre os 18 e 22 anos, combinaram entre si na madrugada de 22 de novembro de 2023 de se apropriarem "do máximo" de objetos e dinheiro que conseguissem e vandalizar carros e lojas comerciais na cidade do Porto "recorrendo mesmo a agressões físicas".
Desta forma, em vários locais do Porto, em especial na zona da Foz, os arguidos apoderaram-se de bens e dinheiro do interior de dois estabelecimentos comerciais e de vários automóveis, além de os danificarem com recurso a um martelo, salienta.
Ainda durante essa madrugada, os suspeitos deslocaram-se até à residência do agora presidente do FC Porto, André Villas-Boas, que à data dos acontecimentos era candidato à liderança da presidência dos 'dragões', e agrediram o zelador do condomínio e furtaram-lhe o telemóvel e carro que usaram para praticar alguns dos furtos, explicou.
No âmbito desta operação, apelidada de Zelador, e que teve início em novembro de 2023, a PSP aprendeu um automóvel, um motociclo, diversos telemóveis, peças de vestuário, equipamentos e ferramentas.
Os quatro homens estão acusados da prática, em coautoria, de 12 crimes de furto qualificado, cinco dos quais na forma tentada, seis crimes de dano e um crime de roubo.
Um dos arguidos responde ainda pelo crime de condução sem habilitação legal.
Leia Também: J. Marques 'arrasador': Das mentiras de Villas-Boas ao ataque aos rivais