É a quarta vez que António Costa mexe na composição do seu Governo. A penúltima foi há cerca de quatro meses, aquando da saída do ministério da Defesa de Azeredo Lopes.
Desta vez, a remodelação acontece à boleia de saídas de ministros para uma corrida ao Parlamento Europeu, e não se pode propriamente dizer que tenha sido uma surpresa a remodelação governamental proposta por António Costa e que este domingo o Presidente da República aceitou.
Pedro Marques, então ministro do Planeamento e das Infraestruturas, vai mesmo concorrer às Europeias como cabeça de lista do PS - algo de que já há algum tempo se suspeitava - dando assim lugar não só a uma remodelação dos rostos do Executivo como a uma alteração orgânica do Governo.
Para Bruxelas vai também Maria Manuel Leitão Marques, até aqui ministra da Presidência e da Modernização Administrativa.
Estas duas saídas foram o ponto de partida para a alteração de pastas no Executivo. Assim, para substituir Pedro Marques, sobe a ministro Pedro Nuno Santos – o homem que tem feito a ligação entre o PS e os parceiros da Geringonça. O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares passará a ser, assim que tomar posse esta segunda-feira à tarde, ministro das Infraestruturas e da Habitação.
Pedro Nuno Santos, novo ministro das Infraestruturas e Habitação© Global Imagens
Já o Planeamento passará a ser um só Ministério e ficará a cargo de Nelson de Souza, até agora secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão.
Nelson de Souza, ministro do Planeamento© Global Imagens
Mariana Vieira da Silva, até aqui secretária de Estado Adjunta de Costa, vai substituir Maria Manuel Leitão Marques no cargo de ministra da Presidência e da Modernização Administrativa.
Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência e da Modernização Administrativa© Global Imagens
'Número 2' de Medina é uma das novas caras
Estas alterações implicam mais mexidas nas secretarias de Estado. Duarte Cordeiro, número dois de Fernando Medina na Câmara Municipal de Lisboa, vai ser o novo secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares. João Paulo Saraiva é o novo vice-presidente da autarquia da capital.
Ana Pinho continua a ser a secretária de Estado da Habitação mas passa para o Ministério das Infraestruturas.
Maria do Céu Albuquerque vai deixar a presidência da Câmara Municipal de Abrantes para assumir a secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional na área do Planeamento.
Jorge Moreno Delgado, presidente da Metro do Porto, foi convidado para assumir a secretaria de Estado das Infraestruturas.
Alberto Souto, antigo autarca de Aveiro, antigo presidente da Anacom e administrador não executivo da Caixa Geral de Depósitos, entra para o Governo nesta remodelação, para ser o secretário de Estado Adjunto e das Comunicações.
Mariana Vieira da Silva mantém Tiago Caldeira Antunes como secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Luís Filipe Pinheiro como secretário de Estado Adjunto e da Modernização Administrativa e Rosa Monteiro como secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade.
Questionado pelos jornalistas sobre a remodelação governamental, o primeiro-ministro afirmou que se trata de uma "separação de águas necessária" para evitar uma "confusão de papéis", tendo em conta que alguns agora ex-ministros serão candidatos nas eleições europeias.
A tomada de posse dos novos elementos Governo está marcada para esta segunda-feira, às 15 horas, no Palácio de Belém.
"Instabilidade e desorientação", acusou PSD
Onde António Costa vê uma natural “separação de águas”, o PSD vê "instabilidade e desorientação".
"Esta remodelação passa uma imagem de instabilidade e até de uma certa desorientação ao país e ao exterior. Deparamo-nos com a sexta remodelação governativa em apenas quatro anos e o mandato ainda não terminou", criticou, em declarações à agência Lusa, André Coelho Lima, vogal da Comissão Política Nacional do PSD.
Para o dirigente social-democrata, não é possível compreender que haja "uma remodelação a apenas seis meses das eleições".
"Basta que as pessoas se perguntem o que farão os novos titulares das pastas com apenas seis meses pela frente para poderem implementar as suas políticas. De facto, não se imagina que possam fazer algo mais do que gestão corrente", antecipou.