Carlos Guimarães Pinto recorreu às redes sociais, ao final da noite desta quarta-feira, para anunciar que vai deixar a liderança do partido. "A minha missão no partido ficou hoje cumprida e termina aqui", escreveu.
"Hoje, pela primeira vez em democracia, ouvimos no Parlamento a voz de um deputado eleito por um partido liberal", escreveu, referindo-se à intervenção de João Cotrim de Figueiredo.
Já a resposta de António Costa, que classificou como "azeda", demonstrou "o quanto ele temia o momento em que teria uma efetiva oposição ideológica no Parlamento. Tenho a certeza que, com a distância necessária, o dia de hoje será visto como histórico".
Recordou Carlos Guimarães Pinto que, há um ano, "este momento não passava de um sonho. A menos de um ano de eleições muitos acharam impossível que um partido sem dinheiro (que teve que fazer um peditório entre os membros para colocar o primeiro cartaz), sem um rosto mediático, sem uma direção ideológica clara e com um micro-escândalo às costas, conseguisse eleger um deputado nas eleições mais concorridas de sempre. A verdade é que conseguimos e hoje a sua voz foi ouvida bem alto no Parlamento. A minha missão no partido ficou hoje cumprida e termina aqui".
Explicou ainda o líder demissionário que, há um ano, "havia um partido que tinha no nome a ideologia que tinha andado a defender durante mais de uma década e que estava num momento difícil de descoordenação operacional". Não havia também "grandes alternativas de liderança (se a opção que vingou foi um tipo desconhecido e que até gaguejava, o melhor é não pensar quem seria a segunda opção)", brincou.
Entende Carlos Guimarães Pinto a "desilusão que alguns possam ter em relação a este anúncio, mas não me podem pedir mais. Não me podem pedir que continue a sacrificar a minha vida por uma causa. Foi um ano intenso em que tive que abdicar de muito para fazer este caminho. Fi-lo numa altura em que ninguém o teria feito. Criei as condições para que outros o possam fazer daqui para a frente com recursos que eu nunca tive e, espero eu, menos sacrifícios pessoais. Não me podem exigir mais".
Depois de considerar que o Iniciativa Liberal "começa agora uma nova fase", o líder demissionário agradeceu "a todos os que confiaram" nele, que lhe "deram esta oportunidade e a tornaram numa experiência de vida (mais uma) que nunca" esquecerá.