Em declarações à agência Lusa a propósito dos quatro anos da eleição do atual chefe de Estado, a antiga presidente do PS não quis, contudo, pronunciar-se sobre qual deve ser a posição do seu partido quanto às presidenciais de janeiro de 2021.
"Eu faço uma avaliação muito positiva, na medida em que o professor Marcelo Rebelo de Sousa é um presidente de largo espectro: consegue aproximar-se das camadas da população com mais problemas, com mais dificuldades, com mais necessidade de um presidente que se interesse por elas, mas também consegue chegar às camadas mais elevadas da população", afirmou.
A antiga ministra da Saúde considerou que, no primeiro mandato, "foi muito importante" a maneira como o Presidente "se aproximou e sente os problemas da população".
"Obviamente que estes problemas têm de ser resolvidos por políticas públicas, mas a atenção que o Presidente dedica a esses problemas é uma parte de uma magistratura de influencia que ele também exerce muito bem", afirmou, elogiando a "imensa empatia" de Marcelo Rebelo de Sousa para com os mais frágeis.
Maria de Belém destaca ainda, no primeiro mandato do chefe de Estado, o seu papel "no aprofundamento da relação com os países de expressão portuguesa".
"O Presidente da República não conduz a política externa, mas é obvio que acrescenta à condução da política externa na maneira como é capaz de se entrosar nas relações externas em geral", afirmou.
Questionada se é favorável a uma recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa - que tem remetido o anúncio da sua decisão para outubro -, Maria de Belém respondeu afirmativamente.
"Pela minha parte, acho que sim, considero que o mandato foi muito positivo e que um segundo mandato seria com certeza muito importante para o país. Até para consolidar uma outra forma de exercício da presidência, uma forma própria de exercício da presidência", afirmou.
Já sobre a posição que o PS deverá tomar nesta matéria - depois de em 2016 não ter apoiado oficialmente nenhum candidato -, a antiga presidente dos socialistas disse não querer pronunciar-se.
"Considero, até pelas funções que anteriormente exerci, que não deveria estar nem a influenciar nem a substituir-me a pessoas que, a seu tempo, orientarão as decisões em termos partidários que levarão a apoiar ou não apoiar", disse.
A antiga candidata presidencial deixou ainda um reparo: "Eu acho que os portugueses deveriam valorizar a forma de exercício do mandato do Presidente, respeitando-o, porque o Presidente é uma pessoa, mas é também uma instituição".
"Quando temos um presidente muito próximo, corre-se o risco de as pessoas pensarem que pode ser um 'tu cá tu lá'. O Presidente é realmente próximo, mas representa a instituição Presidência da República e os portugueses devem valorizar isso", defendeu.
Sobre de quem é a responsabilidade dessa proximidade, a antiga deputada não concretizou: "Às vezes, nas reportagens que a pessoa vê, pode-se entrar num excessivo grau de familiaridade que as pessoas não devem adotar", referiu.
Nas eleições presidenciais de 24 de janeiro de 2016, Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito à primeira volta, com 52% dos votos.
Sampaio da Nóvoa, apoiado por parte do PS, ficou em segundo lugar, com 23%, e Marisa Matias em terceiro, com 10%. Em quarto lugar, com cerca de 4%, ficou a socialista Maria de Belém, também apoiada por uma parte do seu partido - que optou por não declarar apoio oficial a nenhum candidato.
Seguiram-se o candidato do PCP, Edgar Silva, com perto de 4%, Vitorino Silva, com aproximadamente 3%, Paulo de Morais, com cerca de 2%, e Henrique Neto, Jorge Sequeira e Cândido Ferreira, os três com menos de 1% dos votos.