A TAP "não pode ser paga com dinheiro de todos e servir apenas alguns"

Rui Moreira, assim como outros autarca da região Norte, estão contra o plano de retoma dos voos da TAP e o investimento público na companhia de aviação.

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Notícias Ao Minuto com Lusa
26/05/2020 13:10 ‧ 26/05/2020 por Notícias Ao Minuto com Lusa

Política

TAP

Os autarcas da região Norte e o presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal reuniram-se, esta terça-feira, na Maia, distrito do Porto, para tomar uma posição, em conjunto contra o plano de retoma dos voos da TAP e anunciaram, que vão pedir a intervenção do Governo na TAP, cujo plano de retoma prevê para junho apenas três voos entre Porto e Lisboa.

No Facebook, Rui Moreira partilhou o direto da conferência de imprensa e aproveitou, desde logo, para apontar o dedo ao Governo e à posição da TAP, na legenda da publicação.

Há quatro anos disseram-nos que o Estado estava a comprar capital da TAP para controlar as decisões estratégicas da empresa. Hoje, prepara-se para um novo investimento brutal na companhia para esta voltar a abandonar o Porto. Ou a TAP é provida ou é pública. O que não pode é ser paga com o dinheiro de todos os portugueses e servir apenas alguns”, escreveu o Presidente da Câmara Municipal do Porto.

Já durante o encontro, Rui Moreira, acusou a TAP de "impor um confinamento ao Porto e Norte" e de "abandonar o país" neste momento de pandemia em que Portugal "mais precisa" da transportadora aérea.

"A realidade é simples: a TAP está a tentar impor um confinamento ao Porto e Norte e fá-lo na senda daquilo que tem sido a sua história. A TAP nunca perdeu o vínculo de ser uma empresa de caráter colonial e a sua estrutura nunca pensou de outra maneira", afirmou.

Segundo Rui Moreira, a TAP "não voltou por estratégia", mas sim "por oportunismo".

"Agora, num momento em que se encontra numa situação de debilidade" e "na altura em que o país mais precisa, a TAP abandona o país, porque estar só em Lisboa representa abandonar o país", criticou o autarca.

Saliente-se que o plano de retoma das operações da TAP, conhecido esta segunda-feira, gerou muita polémica e reações nas últimas horas. O deputado do Bloco de Esquerda, José Soeiro foi uma das vozes críticas, defendendo que a estratégia da TAP é de “desvalorização completa do Porto” e de concentração da operação na capital.

Entre as autarquias, tanto o município de Vila Real, como o de Valongo e de Gondomar já manifestaram estarem consternados com a alegada intenção da TAP de "praticamente excluir" o Aeroporto Francisco Sá Carneiro na retoma da atividade e instaram o Governo a impedir um "erro clamoroso".

O Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes da Área Metropolitana do Porto (STTAMP) também já reagiu e classificou de "irrisória" a percentagem de voos da TAP com origem no Aeroporto do Porto, considerando tratar-se de "um duro golpe" na economia da região.

A companhia aérea nacional publicou na segunda-feira o seu plano de voo para os próximos dois meses que implica 27 ligações semanais em junho e 247 em julho, sendo a maioria de Lisboa.

A TAP tem a sua operação praticamente parada desde o início da pandemia, à imagem do que aconteceu com as restantes companhias aéreas, prejudicadas pelo confinamento e pelo encerramento de fronteiras apara conter a covid-19.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 344 mil mortos e infetou mais de 5,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Portugal regista hoje 1.342 mortes relacionadas com a covid-19, mais 12 do que na segunda-feira, e 31.007 infetados, mais 219, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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