PCP: Comunistas escolhem líder em comité central após uma "auscultação"

O secretário-geral do PCP é escolhido, não pelos congressistas, mas pelo comité central do partido, reunido no segundo dia do congresso e ninguém formalmente é candidato, o nome é discutido entre os dirigentes numa discreta "auscultação".

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Lusa
25/11/2020 11:37 ‧ 25/11/2020 por Lusa

Política

Congresso do PCP

Por imposição da lei dos partidos políticos, que os comunistas contestaram, o PCP elege o seu comité central por voto secreto.

Já a escolha do secretário-geral acontece numa reunião do comité central, já no decorrer do congresso, e os comunistas afirmam, dessa forma, as suas diferenças relativamente aos outros partidos - não há candidatos "a chefes" que chegam com a sua "moção de estratégia em que ninguém toca", como já ironizou Jerónimo de Sousa, o atual secretário-geral.

O processo para a escolha do novo comité central começa semanas, meses antes da reunião mais importante do partido, que se faz de quatro em quatro anos.

Na descrição feita à Lusa por membros do comité central, há um grupo de dirigentes que tem por missão "auscultar os membros do comité central" e da direção do partido sobre a composição do futuro órgão máximo.

A "auscultação" é "feita pessoalmente, frente a frente", e "não há listas nem 'short lists'", de acordo dirigentes ouvidos pela Lusa.

Depois, há uma reunião do comité central que aprova uma proposta de composição dos órgãos nacionais do partido que ainda pode ser alterada durante o congresso - e isso já aconteceu no passado.

Já quanto à escolha do secretário-geral, a auscultação é também feita entre os membros da direção, "sem 'short lists'", embora "se vá formando uma tendência ou uma falta dela".

"A discussão de nomes, incluindo do secretário-geral, é feita de forma aberta", na descrição feita por um dos membros.

Isso aconteceu na sucessão de Carlos Carvalhas, em 2014, em que se formou uma tendência maioritária, ou uma "inclinação consensualizada" dos órgãos executivos a favor de Jerónimo de Sousa, o segundo secretário-geral de origem operária, depois de Bento Gonçalves.

O resultado da auscultação - em que o ou os potenciais líderes são também ouvidos - é depois analisado pelos organismos executivos - secretariado e comissão política cessantes - que propõem o nome do próximo secretário-geral ao comité central.

Para o XXI congresso nacional, de 27 a 29 de novembro, em Loures (distrito de Lisboa), esse processo está em curso há semanas, mas não se sabe ainda se Jerónimo de Sousa vai ou não continuar à frente dos comunistas portugueses.

Se em 2019, numa entrevista à Lusa, admitiu sair da liderança porque "é a lei da dívida", mas, em setembro, Jerónimo admitiu implicitamente continuar na liderança ao aconselhar uma "tripla" sobre o seu futuro - "sair, ficar ou ficar mais um bocadinho".

E em 12 de outubro, na entrevista à SIC, disse: "O meu partido precisa ainda da minha contribuição."

Passados 12 dias, em 24 de outubro, o Público noticiou que Jerónimo deverá continuar secretário-geral, com a explicação de que uma decisão desta importância "teria de ter mais envolvimento da militância", nas palavras de um dirigente comunista.

O Partido Comunista Português foi criado em 1921 e teve, ao longo da sua história, cinco secretários-gerais, tendo Álvaro Cunhal sido o mais marcante, durante 32 anos, entre 1961 e 1992.

O primeiro, de 1921 a 1929, foi José Carlos Rates, que viria a ser expulso.

Seguiu-se Bento Gonçalves, de 1929 a 1942 e na década de 1940 a 1961 houve um período sem secretário-geral, antes de Cunhal ser escolhido.

Carlos Carvalhas foi líder do partido de 1992 e 2004, ano em que é escolhido Jerónimo de Sousa, que está na liderança há 16 anos.

Leia Também: BE e PCP mudam voto e rejeitam proposta do PSD sobre Porta 65

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