Em comunicado, a concelhia lembra que "há mais de 20 anos que nenhum processo do distrito de Braga havia sido avocado pela Comissão Política Nacional" e diz "repudiar veementemente" aquela tomada de decisão, "que surge ao arrepio dos estatutos e das mais elementares regras democráticas".
A concelhia já solicitou uma reunião "com caráter de urgência" ao presidente do partido, Rui Rio, para que sejam apresentadas "as justificações" para a tomada de posição da Comissão Política Nacional.
Diz ainda que, depois de ouvidas as explicações, se reserva o direito de poder vir a tomar outras ações em defesa da sua dignidade e dos "superiores interesses" dos barcelenses.
A concelhia de Barcelos tinha votado, por unanimidade, a candidatura de João Sousa, independente e empresário têxtil.
O nome foi ratificado pela distrital, com duas abstenções.
No entanto, a Comissão Política Nacional ignorou a escolha local e indicou o atual vereador Mário Constantino como o candidato à Câmara de Barcelos nas próximas eleições autárquicas, que já tinha sido o candidato em 2017, tendo então perdido a corrida para Miguel Costa Gomes, do PS.
No comunicado, a concelhia diz que a escolha lhe foi comunicada na quarta-feira, pelo secretário-geral do PSD, José Silvano, que terá justificado a decisão com o facto de Mário Constantino ter sido o mais bem colocado na sondagem realizada em janeiro de 2021.
Ainda segundo a concelhia, José Silvano terá ainda dito que para a escolha "muito contribuiu" o facto de o líder do movimento independente Barcelos, Terra de Futuro (BTF), Domingos Pereira, "apenas aceitar coligar-se com o PSD caso o candidato fosse Mário Constantino".
A concelhia não aceita que Domingos Pereira tenha "mais importância" para a escolha do que as estruturas locais e distritais do PSD e questiona quem é que na direção nacional auscultou os militantes do concelho para tomar aquela decisão.
Diz ainda que a escolha da nacional não teve em consideração "a absoluta rejeição do nome de Mário Constantino por parte da totalidade" dos presidentes de junta do partido.
O processo de escolha do candidato à Câmara de Barcelos já provocou seis demissões na concelhia, incluindo a do anterior presidente, Bruno Torres, e da vice-presidente Mariana Carvalho.
A Câmara de Barcelos é liderada, desde 2009, por Miguel Costa Gomes, do PS, que agora não se pode recandidatar, por causa da lei de limitação de mandatos.
O PS ainda não anunciou o candidato, mas o Secretariado local já propôs o nome de Horário Barra, atual presidente da Assembleia Municipal.
O atual executivo é composto por cinco eleitos do PS, quatro da coligação PSD/CDS-PP e dois do Movimento Barcelos Terra de Futuro (BTF).
Segundo a lei, as eleições autárquicas decorrem entre setembro e outubro.
Leia Também: PSD rejeita "fundamentalismos" do PAN sobre gestão do arvoredo urbano