"A sensação que fica depois deste debate é que estamos aqui a malhar em ferro frio, os senhores não vergam, não têm um pingo de lucidez política", criticou Carlos Peixoto, no final do debate marcado pelo PSD.
O vice-presidente da bancada social-democrata considerou que a importância do tema merecia que o Governo olhasse para o debate com "outro respeito" e se tivesse feito representar pelo ministro Pedro Siza Vieira, ao invés do secretário de Estado Adjunto e da Economia, João Neves.
Antes, o deputado do PS André Pinotes Baptista também já tinha feito o resumo do debate que se estendeu por quase três horas e que não contou com a apresentação de quaisquer iniciativas legislativas.
"Para a direita, a competitividade continua a ser baixos rendimentos, preconceito contra do Salário Mínimo Nacional, precariedade e degradação do trabalho", acusou.
À esquerda, o BE atacou o que classificou de "narrativa do PSD": "Continua a direita a insistir que a rigidez laboral é que é o problema e que é preciso flexibilizar", criticou a deputada Isabel Pires.
A bloquista acrescentou que o PS "não tem dado o melhor exemplo", ao "juntar-se à direita" na recusa de iniciativas legislativas de valorização de empregos e salários.
Pelo PCP, o deputado Duarte Alves defendeu que não é possível fazer o debate da competitividade sem falar dos problemas enfrentados por "milhares de Micro Pequenas e Médias Empresas", reclamando mais apoios por parte do Governo, linha que foi também seguida pelo deputado do PEV José Luís Ferreira.
Pelo PAN, o deputado Nelson Silva defendeu que "ser competitivo é usar bem os recursos disponíveis", sobretudo os naturais, apelando a que o Governo introduza uma análise custo-eficácia nas políticas públicas.
"Em Portugal tomamos decisões a 'olhómetro', quando vamos trazer a ciência para a decisão política?", disse, acrescentando que, para o PAN, a competitividade passa também por um "combate cerrado" à corrupção.
À direita, o deputado do CDS-PP João Almeida questionou o apoio expresso por Portugal ao compromisso alcançado pelos ministros das Finanças do G7 para implementar um IRC mínimo de 15% sobre os lucros das empresas.
"O que têm a ganhar as PME portuguesas com este acordo? (...) Não temos nada a ganhar em estar do lado das economias fortes, é uma atitude patética do ponto de vista da competitividade", criticou.
Neste ponto, o secretário de Estado João Neves considerou incompreensível que grandes multinacionais "não paguem um único cêntimo de IRC" e salientou que a posição do Governo é de defesa de "harmonização fiscal" e não necessariamente de uma taxa única.
O deputado único do Chega, André Ventura, referiu que Portugal teve no primeiro trimestre do ano "a queda mais profunda da economia da zona euro" e acusou o PS de estar "inerte e adormecido", apelando à direita para "ter coragem de apresentar uma alternativa de Governo sem medo"
Em tom irónico, pela IL, o deputado João Cotrim de Figueiredo considerou que a "competitividade pelos vistos ainda precisa de ser bem explicada aos partidos da esquerda", apontando que "achar que é possível aumentar os salários sem aumentar a competitividade, é o caminho para o enterro", insistindo na redução da progressividade do IRS e num "IRC mais competitivo".
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