Ex-líder da JP sai após "novela". "CDS começa a não demonstrar utilidade"

Ao Notícias ao Minuto, Francisco Mota sublinha que a sua saída da Comissão Política Nacional "só admira a quem anda desatento" e que terá de se recusar a ver o CDS a passar "a ser escravo de outro partido": o PSD. Na carta de demissão é taxativo: "Não aceito OPAS ao CDS".

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Catarina Correia Rocha
15/07/2021 19:24 ‧ 15/07/2021 por Catarina Correia Rocha

Política

Francisco Mota

Francisco Mota, ex-presidente da Juventude Popular (JP), 'bateu com a porta' à Comissão Política Nacional do CDS depois do que considera ser uma "novela já com mais de seis meses" em Braga. Na carta de demissão, enviada aos restantes membros e endereçada a Francisco Rodrigues dos Santos – a que o Notícias ao Minuto teve acesso -, o centrista aponta que ficou "arrepiado" ao ver um "presidente de câmara do PSD [Ricardo Rio] a ditar quem seria ou não candidato do CDS na cidade".

Contactado pelo Notícias ao Minuto, o agora ex-dirigente confirma a saída, começando por revelar que esta aconteceu "por uma questão de convicção" e que "só admira a quem anda desatento".

Assegurando que não cede "a conveniências" e é "leal" a quem está do seu lado, Francisco Mota faz ainda questão de salientar que o que o move "nunca foram os lugares", mas que se terá de se recusar a assistir ao facto de o CDS "ter passado a ser escravo de outro partido".

A decisão, esclarece, não se trata de "uma radiografia ao trabalho do partido ou do líder do partido", mas lança uma farpa: "Enquanto o CDS andar no ringue de titãs será cada vez mais pequeno. E isto mostra que o CDS começa a não demonstrar utilidade aos portugueses. É o poder pelo poder. E não é só culpa do presidente, é de todos".

"O CDS perde demasiado tempo a discutir o que não interessa a ninguém. Um partido sem voz é vazio e vai definhar", considera ainda, acrescentando: "Demiti-me das funções no CDS, mas não do CDS de Adelino Amaro da Costa. Mais importante do que como entramos é a dimensão de como saímos: com elevação". 

"Não aceito OPAS ao CDS". A carta de demissão

Na carta em que oficializou a sua demissão da Comissão Política Nacional, Francisco Mota considera que o que se passou em Braga "foi um ataque claro à autonomia e independência do CDS", sublinhando que "enquanto dirigente nacional do partido", não pode "admitir que um presidente de câmara do PSD faça uma desconsideração destas" e vai mais longe: "O CDS não está em saldos, nem muito menos é uma filial do PSD".

Com o "silêncio" da parte de Francisco Rodrigues dos Santos nesta situação, que Mota descreve como "arrebatador" e que diz "muito do CDS que estamos a projetar para o futuro", argumenta: "Se é verdade que nem sempre temos que ganhar, prestar vassalagem ao PSD é sinal de desespero e de que farás de tudo para manter o poder pelo poder".

Na coligação para as autárquicas em Braga "tudo foi desvirtuado e os princípios políticos jogados na roleta dos interesses instalados". "O CDS até pode estar em coligação, mas não há CDS nessa coligação, há apenas imposições do PSD, que asseguram alguns lugares de quem usa o CDS", acusa.

Francisco Mota, apoiante de Rodrigues dos Santos desde o primeiro momento, coloca-se ao ataque, especificando que "é nestes momentos que se vê a coragem dos líderes". E fala diretamente ao presidente dos centristas: "Tu saberias o que tinhas de fazer, mas não tiveste a coragem de fazer valer os interesses do CDS e do projeto político que nos comprometemos a liderar".

"Não aceito OPAS ao CDS e nunca nos vergaremos aquilo que os outros querem que nos sejamos", refere, acrescentando que "é a hora de assumir com humildade a derrota e, enquanto institucionalista, respeitar a opção da comissão executiva" liderada pelo presidente do partido. "Por mais que saias dela sem condições para continuar a liderar o CDS, desde o momento que optaste por ser um escravo de outro partido". 

Leia Também: CDS considera que "TC dá razão a uma birra do primeiro-ministro"

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