Joacine Katar Moreira, deputada não-inscrita na anterior legislatura, 'celebrou' o segundo aniversário da sua saída do partido Livre, fazendo uma previsão envolta em críticas a Rui Tavares e ao partido que representou brevemente no Parlamento: "Fazem hoje dois anos do congresso do Livre no qual ensaiaram pela enésima vez a retirada mediatizada de confiança política à sua única deputada".
Numa publicação no Twitter, a parlamentar considerou que "a branquitude nacional" irá eleger o atual cabeça-de-lista do Livre pelo círculo de Lisboa, e fundador do partido, "sem nunca escrutiná-lo sobre o que se passou" no congresso de há dois anos.
"É estrutural, temos dito", disse a deputada, reafirmando as suas críticas ao racismo estrutural que considera existir nas instituições políticas.
Fazem hoje dois anos do congresso do livre no qual ensaiaram pela enésima vez a retirada mediatizada de confiança política à sua única deputada. A Branquitude nacional porá Rui Tavares no parlamento sem nunca escrutiná-lo sobre o que se passou. É estrutural, temos dito.
— JoacineKatarMoreira (@KatarMoreira) January 18, 2022
Katar Moreira foi, em 2019, a primeira deputada alguma vez eleita pelo Livre para a Assembleia da República. No entanto, depois de alguns meses de confrontos e discordâncias entre Joacine Katar Moreira e a direção do partido, este decidiu retirar a confiança política à deputada - a primeira mulher negra a liderar uma lista às eleições legislativas.
O divórcio não foi amigável e, desde então, a Joacine continuou a criticar publicamente a direção do Livre, incluindo acusá-lo de aproveitar a sua etnia em prol das eleições. "Elegeram uma mulher negra que gagueja e que deu jeito para a subvenção", disse Joacine, durante o congresso marcado pelos seus gritos de "mentira".
Já o Livre também não ficou atrás nas críticas, acusando-a de ir contra a vontade da direção em matérias legislativas. Ainda assim, quando foi alvo de insultos racistas e misóginos, o partido defendeu Joacine Katar Moreira e optou por não lhe pedir que renunciasse ao mandato, o que daria lugar ao número dois da lista do Livre para Lisboa (círculo pelo qual foi eleita).
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