PSD precisa de "reflexão" e não de "desfile de protocandidatos"
O antigo candidato à liderança do PSD Miguel Pinto Luz defendeu hoje que o partido precisa de uma "reflexão profunda" antes de discutir futuras lideranças depois de "derrota colossal", elogiando Rui Rio por não se ter demitido de imediato.
© Getty Imagens
Política Miguel Pinto Luz
"Eu diria que não é tempo de concursos de beleza ou desfiles de protocandidatos ou candidatos de farinha Amparo", afirmou o vice-presidente da Câmara de Cascais, no seu espaço de opinião semanal na TSF, "Não Alinhados".
Numa análise aos resultados, Miguel Pinto Luz considerou que o PSD "não se conseguiu afirmar como liderante à direita" e que o discurso do atual presidente Rui Rio ao centro "não colheu", com partidos como Chega e IL a aproveitarem "o espaço devoluto à direita".
"A mensagem não passou, o resultado foi uma derrota histórica, uma derrota colossal para o PSD", considerou, defendendo que "o divórcio do partido com o eleitorado de centro-direita terá de ser revertido".
Para o antigo líder da distrital de Lisboa do PSD, a serenidade "será a melhor conselheira" a breve prazo, elogiando o presidente do partido, Rui Rio, por não se ter demitido de imediato na noite de domingo, "dando tempo a que o partido respire fundo".
"Sendo um crítico de Rui Rio, podia-se esperar outra posição, mas acho que o partido hoje tem tempo, respiremos fundo. O partido precisa se oxigenar, de se repensar, antes de entrar nesta corrida para novas figuras e novas lideranças ", afirmou.
Pinto Luz salientou que, no último congresso social-democrata, em dezembro, foi "o único a fazer notar que não concordava" com o caminho seguido pela atual direção.
No Congresso realizado em Santa Maria da Feira, em Aveiro, realizado entre 17 e 19 de dezembro, Pinto Luz mostrou-se "preocupado" com o caminho que estava a ser percorrido pela liderança social-democrata, afirmando que, se se mantivesse, o partido ficaria "assustadoramente mais pequeno em mentalidade".
"Se alguns nesta sala estão preocupados com as sobras do dr. António Costa em janeiro deste ano, há muitos, como eu, que estão preocupados com o que vai sobrar do nosso partido a dois ou três anos daqui. Se continuarmos assim, deveremos ficar mais pequenos em números, em resultados e mais assustadoramente mais pequenos em mentalidade", advertiu Miguel Pinto Luz, na sua intervenção perante o congresso, e que foi a mais crítica da liderança de Rui Rio feita na reunião magna.
Pinto Luz apresentou, nesse Congresso, uma lista ao Conselho Nacional do PSD que foi a segunda mais votada, depois da de Rui Rio, e ficou à frente da apoiada por outro antigo candidato à liderança Luís Montenegro.
De acordo com os resultados provisórios das legislativas de domingo (e que ainda não incluem os quatro deputados eleitos pela emigração), o PSD conseguiu 27,8% dos votos e 71 deputados sozinho, subindo para 76 deputados e cerca de 29% do total dos votos somando os valores obtidos nas coligações de que fez parte na Madeira e nos Açores.
Ainda assim, quando se somarem os deputados da emigração, o PSD deverá ficar abaixo dos 79 que tem atualmente e ficou a mais de 13 pontos percentuais do PS, que obteve a segunda maioria absoluta da sua história.
Na noite de domingo, Rui Rio abriu a porta à saída da liderança do PSD, cargo que ocupa desde janeiro de 2018, caso se viesse a confirmar a maioria absoluta do PS nestas eleições legislativas (o que aconteceu), considerando que dificilmente será útil nessa conjuntura, sem, contudo, verbalizar explicitamente a sua demissão nem adiantar que passos irá dar internamente.
"Particularmente se se confirmar que o PS tem uma maioria absoluta -- tem, portanto, um horizonte de governação de quatro anos --, eu sinceramente não estou a ver como é que posso ser útil neste enquadramento. O partido decidirá", declarou Rui Rio.
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