Ana Gomes usou, na segunda-feira, o seu espaço de comentário semanal na SIC Notícias para analisar os riscos e mais-valias que um governo com maioria absoluta tem.
“Um governo de maioria absoluta, como disse o primeiro-ministro, não é poder absoluto”, começou por dizer afirmando que Costa, ao dizer isto, reconhece que “há uma má memória” das maiorias absolutas do passado.
A ex-eurodeputada considera também que o Presidente da República terá de assumir um papel mais fiscalizador do poder. “Marcelo Rebelo de Sousa não pode continuar a desvalorizar o uso da palavra, banalizando-a”, sublinhou a comentadora.
Ana Gomes defende que será necessário que a oposição funcione e que haja muita transparência. "Vai ser preciso que a oposição funcione, desde logo, porque esse é que é a grande instância de fiscalização do Governo na Assembleia da República", aponta.
Ao longo da sua análise, Ana Gomes apela ainda à necessidade de que os partidos que ficaram fragilizados nestas eleições, se reorganizem, em particular o CDS que não conseguiu ter representação parlamentar pela primeira vez na história do partido.
A antiga deputada socialista detalha ainda que houve erros estratégicos em particular da Direita, especialmente do PSD, porque não definiu como linha vermelha a extrema-direita.
"No caso do Chega é preciso dizer que a vitória do Chega não foi tão clara como se diz. Se compararmos com os resultados de há um ano nas presidenciais com André Ventura, o Chega perdeu 111 mil votos", destaca.
Alerta ainda que, perante a presença do Chega na Assembleia da República, não se pode deixar a oposição nas mãos deste partido porque isso seria outro "erro trágico".
Ana Gomes aponta, ainda, que é fundamental estabelecer linhas vermelhas bem claras para que a extrema-direita não avance.
Leia Também: "Espero que Costa tome a iniciativa de retomar debates quinzenais"