O eurodeputado Nuno Melo apresentou este sábado a sua candidatura à liderança do CDS-PP. O anúncio foi feito na sede nacional do partido, em Lisboa.
“Hoje não começa a última batalha de um CDS perdido. Hoje começa a primeira batalha para um CDS renascido. É isso que aqui me traz”, começou por afirmar.
Frisando que as “dificuldades” ou “se enfrentam ou se desiste”, o eurodeputado diz que “recusa deitar a toalha ao chão” e por isso é “candidato à presidência do CDS no próximo congresso”, com data marcada para 2 e 3 de abril.
“Não me resigno ao facto de o espaço político que o CDS significa não estar representado neste momento na Assembleia da República. Tenho mesmo a certeza de que depois das eleições legislativas a maioria dos portugueses perceberam a perda inestimável que essa saída representa”, acrescentou.
E vai mais longe: “Tenho a certeza que quem, votando normalmente no CDS e não o fez em janeiro por motivos que foram manifestamente conjunturais, nunca quis o CDS fora do Parlamento”.
Nuno Melo afirma que o “CDS faz falta a Portugal” e que a ausência do partido na Assembleia da República “fará toda a diferença à política”.
Sobre os eleitores que votaram na Iniciativa Liberal e são “espiritualmente ligados ao CDS”, Nuno Melo volta a frisar os “motivos conjunturais” do voto mas considera que não se sentem “representados quando vêm o seu voto sentado entre o PS e o PSD”.
“O CDS não faz do mercado o centro dogmático da sua existência. O CDS defende uma economia de mercado saudável, foi sempre assim, com regras, que é completamente diferente do capitalismo selvagem. (...) Mas para o CDS as pessoas estiveram sempre em primeiro lugar”, rematou.
Depois de se referir à Iniciativa Liberal, é a vez do Chega. “Se a Iniciativa Liberal se quer sentar, mesmo que não consiga, entre o PS e o PSD, também percebemos um Chega que na verdade se quer sentar à direita do próprio regime (...). Há todo esse espaço político entre o PSD e o Chega que não está representado na Assembleia da República. Esse espaço é nosso e temos de lá voltar”, atirou.
Voltando a referir-se às “dificuldades”, Nuno Melo recusa a ideia de que o “CDS acabou”.
“Enquanto estivermos aqui, o CDS não acabou. Enquanto acreditarmos - e eu acredito - o CDS não acabou. Enquanto tivermos autárquicas, presidentes de Câmara, vereadores, membros em assembleias de freguesia, membros em governos regionais, um eurodeputado, o CDS não acabou”, frisou.
Ciente que o partido “tem pela frente um caminho carregado de obstáculos”, Nuno Melo atira: “Quem quer vida fácil vai para o PS ou o PSD. Não está no CDS”.
“Tivemos sempre de trabalhar muito mais do que os outros para ter o mesmo resultado ou até mesmo pior”, acrescentou.
Um dos “principais obstáculos” apontado pelo candidato é o “financeiro”. “O primeiro dos obstáculos inevitável, saído dos resultados eleitorais das legislativas, é um obstáculo financeiro. Não podemos esconder. Mas temos de o superar. Há pessoas que trabalham há anos dando o melhor de si para que este partido exista e que percebem bem que hoje têm o seu emprego em risco. Isso provoca-nos a todos uma angústia inultrapassável”, afirmou, acrescentando que não receberá “um cêntimo de vencimento no CDS nos próximos dois anos”.
Para Nuno Melo, é hora de o partido seguir em frente e, por isso, quer ter consigo “quem acredita”. “Todos nós conhecemos as dificuldades e não precisamos de nos recordar delas a cada segundo”, considerou.
[Notícia atualizada às 19h32]
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