Sérgio Sousa Pinto, presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, considerou na terça-feira, num espaço de comentário da CNN Portugal, que os "refugiados ucranianos, como quaisquer refugiados que se encontram à guarda de Portugal, são sagrados", em rescaldo à polémica recente que envolveu a Câmara Municipal de Setúbal.
Na sua perspetiva, "não interessa nada se houve uma falha numa autarquia, no Estado ou onde quer que seja". Isto porque é a "comunidade nacional que é posta em causa se, de uma maneira ou de outra, for colocada em risco a segurança destas pessoas ou dos seus parentes ou familiares que ficaram na Ucrânia".
O socialista apontou ainda que as entidades governativas têm uma "responsabilidade perante o povo português", que "acredita" na sua "capacidade" de os protegerem "protegermos perante a Ucrânia e perante a comunidade internacional".
Estas declarações foram proferidas depois de se ter conhecimento de que, como foi avançado pelo jornal Expresso, refugiados ucranianos foram recebidos na Câmara de Setúbal por dois cidadãos de origem russa. Ambos teriam, alegadamente, fotocopiado documentos de identificação dos refugiados ucranianos, além de terem feito perguntas sobre o paradeiro de familiares que deixaram na Ucrânia, à margem do que estará previsto nestes casos.
Sérgio Sousa Pinto proferiu ainda algumas considerações acerca das posições recentes apresentadas pelo Partido Comunista Português (PCP), que considera serem "um pouco despropositadas". Na sua ótica, o partido tem tentado "encontrar um argumento qualquer para fazer passar aquela ideia, que não é dele e que toda a gente sabe de quem é, segundo a qual o poder político ucraniano é nazi ou de extrema-direita".
Recorde-se que, após a intervenção do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, no Parlamento português por videoconferência, a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, acusou o poder ucraniano de ser "claramente xenófobo e belicista, um poder que avançou no sentido de uma ilegalização do Partido Comunista da Ucrânia". Paula Santos tinha dito ainda que, na Ucrânia, os antifascistas estavam a "ser presos" e que o "poder da Ucrânia" estava a "agredir o seu próprio povo".
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