Eurodeputada abordou politização judicial com Kirchner antes de atentado

 A vice-presidente da Argentina Cristina Kirchner relatou a uma missão de eurodeputados, em reunião uma hora antes da tentativa de atentado de quinta-feira, que o processo judicial contra si está politizado, segundo a parlamentar Maria Manuel Leitão Marques.

Notícia

© Global Imagens

Lusa
02/09/2022 14:44 ‧ 02/09/2022 por Lusa

Política

PS

"Foi uma reunião serena. Da nossa parte, até porque é uma questão incontornável, referimos que [desejávamos que] o processo decorresse sem interferências políticas. A vice-presidente (Cristina Kirchner) reagiu dizendo que 'o processo já tinha interferência política' e a conversa (sobre esse tema) terminou aqui", disse à Lusa Leitão Marques, coordenadora para a América Latina do Grupo dos Socialistas e Democratas do Parlamento Europeu.    

A socialista Maria Manuel Leitão Marques, faz parte de uma delegação que visitou recentemente o Brasil e o Chile, sendo que a deslocação à Argentina se prolonga até sábado.

Na quinta-feira os três elementos que integram a missão dos deputados do Grupo dos Socialistas e Democratas do Parlamento Europeu reuniu-se, em Buenos Aires, com o chefe de Estado, Alberto Fernández, e depois com a vice-presidente Cristina Kirchner.

"Esperávamos que a vice-presidente falasse mais sobre esse assunto porque é um assunto que a deve preocupar e que agita os seus apoiantes, mas ela foi muito curta no ponto da conversa em que nos referimos ao processo", explicou Maria Manuel Leitão Marques sobre a reunião, que decorreu uma hora antes da agressão contra Kirchner na capital argentina.

A Argentina vive um período de forte tensão política porque Kirchner enfrenta um processo judicial por corrupção.

Os apoiantes da atual vice-Presidente têm-se reunido nas ruas em torno da casa onde reside desde a semana passada, quando um procurador solicitou a pena de 12 anos de prisão para Kirchner, bem como uma proibição vitalícia de exercer cargos públicos, no âmbito do caso de alegada corrupção em obras públicas quando foi chefe de Estado da Argentina (2007-2015).

Um homem foi detido em Buenos Aires após ter tentado disparar uma arma de fogo contra Cristina Kirchner na altura em que a vice-presidente participava numa vigília com apoiantes, na zona onde reside. 

O atacante infiltrou-se na vigília de apoio à vice-presidente e ex-chefe de Estado da Argentina.  

À Lusa, Maria Manuel Leitão Marques sublinhou que os eurodeputados que integram esta missão já condenaram a tentativa de agressão, lamentando a situação de polarização política.

"Nos próximos dias creio que se vai exacerbar este ambiente. Daqui a pouco vou ver como vai decorrer a manifestação (de apoio à vice-presidente) mas creio que se vai exacerbar este ambiente polarizado", entre apoiantes e críticos da vice-presidente, adiantou.

"Isto faz sempre gerar violência num país com uma história de violência. (A Argentina) é um país que se construiu com muitas guerras internas e que teve um processo de ditadura militar muito violento e (...) quando se acende um fósforo às vezes não se controla o incêndio", alertou.

A eurodeputada referiu ainda que a reunião com a vice-presidente da Argentina, na quinta-feira, que "decorreu calmamente" abordou a "importância do estreitar dos laços" entre a América Latina e Europa, "combatendo o receio da excessiva polarização em torno das relações entre os Estados Unidos e a China" sendo que a questão da guerra na Ucrânia também foi discutida.

Tal como aconteceu na visita ao Brasil, os eurodeputados do Grupo dos Socialistas e Democratas falaram "em geral" das necessidades de combater a "violência na rua".

Nesse sentido, Maria Manuel Leitão Marques disse que a União Europeia tem de prestar mais atenção à América Latina. 

No ano passado os Socialistas e Democratas escreveram uma carta à presidente da Comissão Europeia chamando à atenção para o facto de, "pela segunda vez no discurso do estado da União", Ursula von der Leyen se ter referido "a muitas zonas do mundo", mas ignorando a América Latina.

"Trata-se da região do mundo culturalmente mais próxima da União Europeia, com quem podemos desenvolver relações culturais, relações políticas e económicas, mas temos de lhe dar mais atenção e essa é a razão de ser da nossa visita. Temos muita cooperação, mas temos de dar mais importância política na sua diversidade", afirmou. 

Hoje, a missão dos eurodeputados do Grupo dos Socialistas e Democratas irá, caso se mantenha a agenda, reunir-se com embaixadores europeus na capital da Argentina. 

Leia Também: PSD propõe programa de emergência social no valor de 1,5 mil milhões

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas