Manuela Ferreira Leite considerou, na segunda-feira, num espaço de comentário da CNN Portugal, que o acordo de concertação social assinado na véspera da entrega da proposta do Orçamento do Estado para 2023 no Parlamento é símbolo da "minimização total da Assembleia da República".
"Acho que é a minimização total da Assembleia da República haver um Governo que, na véspera da apresentação do Orçamento do Estado, corta a palavra a toda a oposição, na medida em que assina um acordo de concertação social para quatro anos", em conjunto com os patrões e sindicatos, explicou a antiga governante social-democrata.
Isto numa altura em que, recordou Ferreira Leite, o Governo socialista detém já uma "maioria absoluta". "Devo dizer que se fosse deputada da oposição, demitia-me no mesmo dia. Renunciava ao mandato", apontou ainda.
Na ótica da comentadora, tudo isto se tratou de uma "jogada absolutamente excecional" do "ponto de vista político". Porém, acrescentou, do "ponto de vista democrático é absolutamente inaceitável".
Apesar de julgar que toda esta estratégia não é "ilegítima", a ex-governante referiu que permanece como um "mistério" como é que tudo "isto se fazia com esta segurança". "Segurança essa que foi transmitida, tanto aos sindicatos, como aos patrões, porque senão eles não teriam assinado um acordo para quatro anos", concluiu Manuel Ferreira Leite.
De recordar que foi assinado, no domingo, entre Governo, patrões e sindicatos, o acordo de médio prazo sobre rendimentos, salários e competitividade alcançado em Concertação Social - embora excluindo a CGTP.
No dia seguinte, segunda-feira, o ministro das Finanças, Fernando Medina, entregou na Assembleia da República a proposta de Orçamento de Estado para 2023 - a qual viria a ser apresentada, pouco depois das 15h do mesmo dia, à comunicação social.
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