"O Chega, com os valores que todos os estudos de opinião demonstram, tem de se preparar para ser Governo de Portugal. Esta moção de candidatura apresenta ao partido um propósito: começar já a criar uma alternativa ao socialismo, uma alternativa credível, moderna e acima de tudo com a eliminação da corrupção e da impunidade como os grandes objetivos a alcançar", lê-se na moção com que se recandidata à liderança do partido.
No texto, ao qual a Lusa teve acesso, o líder do Chega aponta "desafios fundamentais pela frente", entre os quais "a consolidação autárquica e a maior eficiência do partido no seu funcionamento interno, a preparação de grandes apostas para as eleições regionais na Madeira e nos Açores e as eleições europeias de 2024, onde o Chega espera alcançar o melhor resultado da sua história política".
Referindo as sondagens que apontam o crescimento das intenções de voto no partido, Ventura adverte que "este caminho, difícil de trilhar e cheio de armadilhas, tem de continuar a ser percorrido, custe o que custar".
"Temos de ser diferentes e mostrar que, quando a hora de ser governo chegar, estamos prontos a governar e a governar de forma diferente. Os portugueses exigem-nos e merecem esse esforço", defende.
O presidente do Chega considera ser "muito provável que o governo socialista não consiga cumprir esta legislatura até ao fim", pois está "afogado em casos de incompatibilidades, corrupção, negócios mal explicados e situações mal geridas".
"António Costa refugiou-se em São Bento e junta apenas os mais leais, incapazes de qualquer observação critica ou modernizadora. O país está parado porque o Governo está absolutamente manietado", critica.
Na moção de recandidatura, intitulada "Um Governo sem corrupção para Portugal", André Ventura defende que "o país precisa de acabar com a corrupção" e o "Governo e o parlamento têm de ser os principais agentes de mudança, nesta matéria, em Portugal".
"Seja em coligação, seja, como esperamos, a liderar o Governo de Portugal, um país sem corrupção é o grande desígnio que vos proponho alcançar neste novo mandato enquanto presidente do Chega, já a pensar no Governo de Portugal", salienta.
Se for eleito, Ventura compromete-se com "um escrutínio sem tréguas aos meses que ainda durar o Governo de António Costa, não cedendo um milímetro -- mesmo que outros prefiram estar calados ou inoperacionais -- no escrutínio, na denúncia da corrupção".
Ventura indica que fará "uso de todos os instrumentos parlamentares que mostrem aos portugueses" que estão "a ser conduzidos para o abismo por um mau Governo".
No texto, o líder considera que a "rapidíssima ascensão do Chega no panorama político nacional" foi "imprevisível, impensável" e mesmo "um milagre".
"Este partido deve estar orgulhoso do que representa em Portugal e de todas as transformações que tem provocado no tecido político deste país. Apesar de uma maioria absoluta, um rolo compressor que quer impor a sua vontade a todo o custo, nunca se fez tanto ruído, nunca se fez tanta transparência, nunca se questionou tanto um Governo como têm feito os deputados, os dirigentes e as estruturas do Chega", salienta.
Na moção que vai entregar esta noite à V Convenção Nacional do Chega, e que será apresentada aos delegados no sábado, o presidente do partido considera que, a nível interno, "este não é momento de mudar de linha ou de forma de atuação política, este é momento de continuar o trabalho feito e que tantos resultados tem produzido".
"Os portugueses estão cada vez mais próximos do nosso partido e crentes nos seus resultados. Este é o momento de lutar, de unidade, de acreditar", refere.
A V Convenção Nacional do Chega decorre entre hoje e domingo em Santarém para eleição do presidente e dos órgãos nacionais.
A reunião magna - a primeira desde que o Chega se tornou a terceira força política no parlamento, com a eleição de 12 deputados - foi marcada na sequência do chumbo dos estatutos pelo Tribunal Constitucional mas o partido decidiu não fazer mais alterações e voltar a adotar os estatutos originais, de 2019.
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