Esta posição foi transmitida por Carlos César numa conferência de imprensa destinada a apresentar o programa de comemorações dos 50 anos de fundação do PS, depois de questionado sobre o atual estado das relações institucionais entre Presidente da República e o primeiro-ministro, António Costa, sobretudo depois de o chefe de Estado ter feito duras críticas às medidas do executivo para o setor da habitação.
"Achei que as declarações do senhor Presidente da República desta manhã tiveram um registo mais apropriado à função presidencial e até pedagógico. Creio, aliás, que esse registo é mais útil à estabilidade do país e ao bom Governo de Portugal", declarou Carlos César, membro do Conselho de Estado.
Perante a insistência dos jornalistas neste ponto, Carlos César disse ficar satisfeito com o seguinte: "Aquilo que achava que o Presidente da República deveria ter dito anteontem [na segunda-feira] foi aquilo que disse hoje de manhã".
O presidente do PS recordou depois que o conjunto de medidas do Governo ainda será alvo de um debate no parlamento.
Na segunda-feira, em visita às instalações da CMTV, o Presidente da República considerou que o pacote do Governo para a habitação, em termos globais, "tal como está concebido, logo à partida, é inoperacional, quer no ponto de partida, quer no ponto de chegada".
Marcelo Rebelo de Sousa equiparou globalmente o pacote de medidas anunciado Governo - muitas delas ainda por aprovar em Conselho de Ministros - às "chamadas leis cartazes", que "aparecem a proclamar determinados princípios programáticos mais panfletários, mas a ideia não é propriamente que passem à prática, não, é que fiquem leis cartazes".
Esta foi a posição do chefe de Estado que mereceu reparos por parte do presidente do PS e Carlos César que fez contrastar com as declarações agora proferidas por Marcelo Rebelo de Sousa sobre o mesmo assunto.
Hoje, antes de partir para a Cimeira Ibero-Americana, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que o Presidente da República, "obviamente não é nem nunca será líder da oposição" e insistiu que as medidas do Governo para o setor da habitação deviam ter ido mais longe.
"O Presidente acha que talvez se pudesse ir um pouco mais longe, o primeiro-ministro acha que não, que chega ficar onde fica e por isso apresentou o que fica. Veremos depois se a habitação e se o apoio aos inquilinos e aos que neste momento estão a sofrer com os juros do crédito à habitação, se aquilo que é aprovado, consegue atingir os objetivos, ou não", afirmou.
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