"Eu acho que essa é a data limite para que sejam prestados esclarecimentos. Mendonça Mendes tem omitido esclarecimentos, tem fugido: há um órgão de comunicação social que contou quase 30 fugas ao esclarecimento quer por parte do primeiro-ministro, quer por parte de Mendonça Mendes. Isso é de facto uma coisa lamentável", afirmou Rui Rocha em declarações à agência Lusa após ter visitado os terrenos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa.
O líder da IL salientou que todos os membros do Governo que foram citados pelo ministro das Infraestruturas, João Galamba, como tendo sido contactados na noite de 26 de abril, já "vieram confirmar isso", com a exceção do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro.
"Porque é que há um único caso que continua envolto em mistério?", questionou.
Para Rui Rocha, "os pontos essenciais" que faltam esclarecer é se o telefonema de João Galamba a Mendonça Mendes "existiu ou não e em que termos" e se o primeiro-ministro "teve conhecimento dele ou não".
Interrogado se a IL é favorável ao prolongamento da comissão de inquérito à TAP - tal como foi hoje proposto pelo Chega -, Rui Rocha respondeu que, para o seu partido, "a celeridade da conclusão da comissão de inquérito não é um valor em si mesmo".
"É óbvio que é importante que rapidamente se conheçam os factos, mas se houver factos ainda que necessitem de esclarecimento, isso para nós faz sentido", salientou.
Rui Rocha considerou que, "se isso ajudar à descoberta da verdade", a comissão de inquérito "pode prolongar-se por mais algum tempo", reforçando que o seu partido está "muito disponível" para levar a sua conclusão para "datas um pouco mais afastadas".
No entanto, o líder da IL considerou que, caso se prolongue a comissão de inquérito, não "seria uma prioridade" ouvir João Galamba outra vez, numa alusão a outro requerimento apresentado pelo Chega que pede uma nova audição do ministro das Infraestruturas.
Para Rui Rocha, já se ouviram "três, quatro, cinco versões de João Galamba sobre os acontecimentos", pelo que uma nova audição do governante traria apenas "mais uma", o que "não acrescenta grande coisa".
"O primeiro-ministro gosta de falar de 'horas e horinhas', pois nós também já tivemos mentirinhas, mentiras e talvez algumas mentironas ao longo deste processo. E, portanto, não precisamos de mais versões, o que nós precisávamos era de descobrir a verdade", disse.
Para tal, segundo Rui Rocha, o que "parece essencial" é que tanto o primeiro-ministro como Mendonça Mendes prestem esclarecimentos.
"Esses dois esclarecimentos são aqueles que nos parecem fundamentais. Ouvir uma nova versão de um ministro como João Galamba, cujo capital político está completamente arrasado, não nos parece que seja realmente uma prioridade", sublinhou.
O Chega pediu hoje a prorrogação do prazo da comissão parlamentar de inquérito à TAP por mais três meses, pretendendo ainda voltar a ouvir o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e a sua chefe de gabinete, Eugénia Correia.
Reagindo a este pedido, o coordenador do PS na comissão de inquérito à TAP, Bruno Aragão, considerou que, neste momento, não é necessário prolongar os seus trabalhos, defendendo que os portugueses pedem conclusões "doa a quem doer".
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