"Santa Casa da Misericórdia é um buraco infinito sem solução à vista"

As declarações do presidente da Câmara Municipal do Porto referem-se à revisão do plano de patrocínios desportivos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), que justificou o corte com "a conjuntura económico-social que se vive".

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Daniela Carrilho com Lusa
21/08/2023 08:45 ‧ 21/08/2023 por Daniela Carrilho com Lusa

Política

Rui Moreira

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, comentou no domingo o corte dos patrocínios desportivos por parte da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), considerando que a instituição "precisa é da nossa misericórdia" num momento em que a situação financeira é frágil.

"Não é uma decisão de acabar totalmente com os patrocínios", começou por dizer o autarca na CNN Portugal, especulando que a "situação financeira" da SCML possa estar fragilizada, "depois de ter perdido, entre 2020 e 2021, 72 milhões de euros", deixando "a Santa Casa da Misericórdia na situação que está".

"É extremamente complicado porque, em primeiro lugar, a Santa Casa da Misericórdia tem uma receita extraordinária, que é uma parte significativa do jogo em Portugal, qualquer coisa como 27% que lhe são depositados para cumprir as suas obrigações. De repente, o que compreendemos é que - através de um conjunto de atos de má gestão dos últimos anos - a Santa Casa da Misericórdia é, neste momento, um buraco infinito sem solução à vista, porque a despesa corrente nos últimos anos foi aumentada muito significativamente, nomeadamente nos recursos humanos", salientou Rui Moreira.

O presidente da Câmara Municipal do Porto afirmou, então, que devido a todos estes indicadores, a SCML "precisa é da nossa misericórdia", referindo-se ao aviso dado a várias federações desportivas da necessidade de rever o plano de patrocínios, a menos de um ano dos Jogos Olímpicos Paris2024.

De recordar que em causa, de acordo com várias das missivas a que a Lusa teve acesso, está a revisão do "plano de patrocínios delineado para 2023", advertindo, ainda, que o patrocínio, em nome dos Jogos Santa Casa, na sua maioria, além dos contratos em vigor não está assegurado.

A justificação para este corte prende-se com "a conjuntura económico-social que se vive" que conferiu "novas exigências sociais e financeiras à SCML no que diz respeito ao apoio das populações mais vulneráveis".

"O impacto financeiro associado a esta nova realidade obrigou a SCML a reequacionar projetos e reforçar respostas face a uma procura crescente dos serviços que a Misericórdia de Lisboa presta. Acompanhada por uma significativa perda das receitas provenientes dos jogos sociais do Estado, a atual situação orçamental que a instituição atravessa não pode ser ignorada", lê-se numa das cartas enviadas a várias federações olímpicas.

Ana Jorge assume-se certa de que estas entidades desportivas "compreenderão" a "difícil decisão pelas razões evidenciadas", sem excluir "uma eventual reavaliação futura desta situação caso as premissas se alterem".

"O apoio ao desporto nacional, ao talento desportivo e aos grandes eventos nacionais mantém-se como um dos principais desígnios dos Jogos Santa Casa, que têm vindo a prosseguir uma estratégia de patrocínios que transforma parcerias em concretas ferramentas de integração e coesão social", lê-se, por seu lado, na página oficial na Internet dos Jogos Santa Casa.

No mesmo site, a SCML considera que "o desporto é determinante no combate à exclusão e à discriminação, assim como na promoção de uma sociedade mais igualitária, inclusiva e justa. Razões que têm levado ao crescente posicionamento dos Jogos Santa Casa como principal patrocinador e impulsionador do desporto em Portugal, numa missão que dura já há mais de 10 anos".

"Os números não deixam margem para dúvidas e são já muitas as entidades e os desportistas que beneficiaram destes apoios, com especial destaque para o trabalho desenvolvido na caminhada olímpica, paralímpica e surdolímpica, sem descurar o desenvolvimento do desporto adaptado e o crescimento do desporto feminino", completa a SCML, no seu site.

Entre as entidades apoiadas pelos Jogos Santa Casa, de acordo com a lista publicada no seu site, constam o Comité Olímpico de Portugal (COP), o Comité Paralímpico de Portugal (CPP), a Confederação do Desporto de Portugal (CDP), as federações de equestre, motociclismo, andebol, atletismo, canoagem, ciclismo, futebol, ginástica, judo, natação, patinagem, remo, râguebi, surf, ténis de mesa, triatlo, voleibol e de desporto para pessoas com deficiência.

Leia Também: PSD quer ouvir Santa Casa e secretário de Estado sobre cortes em apoio

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