O presidente do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, reagiu, esta quinta-feira, à subida das taxas de juro, anunciada hoje pelo Banco Central Europeu. (BCE).
Sublinhando que os lucros dos bancos no 1.º semestre de 2023 foram de mais de dois mil milhões de euros, o responsável notou ainda que muitos destes lucros se devem ao aumento das taxas de juro.
"Quando eles ficam a ganhar e famílias ficam a perder, o Governo ao não tomar posição aceita esta desigualdade, este ataque do BCE", rematou.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, Pedro Filipe Soares referiu que era, portanto, "indispensável para salvaguardar as famílias e o direito à habitação" que o Executivo garantisse que os bancos "são chamados a usar esses lucros para baixar" o crédito à habitação.
"O Governo pode e deve fazer aquilo que uma vez rejeitou ao Bloco de Esquerda e que agora se torna incontornável. Que mediante a alteração das condições do crédito o aumento da taxa de esforço das famílias, mediante também os lucros obscenos que a banca está a apresentar, os bancos sejam obrigados a renegociar a prestação das famílias", reforçou, acrescentando que de outra forma o "jogo" do BCE era apenas uma forma de a banca lucrar.
"Governo não pode dizer que está muito preocupado com a situação social do país e depois não fazer nada para defender as famílias", apontou, sublinhando que "defender as famílias é dizer aos bancos que têm de baixar as prestações".
O BCE anunciou que a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de depósito subiu para 4,00%, ou seja, o valor que os bancos recebem por depositarem dinheiro no banco central.
Já a taxa de juro das principais operações de refinanciamento e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez (que definem o custo dos empréstimos dos bancos centrais aos bancos) subiram para respetivamente, 4,5% e 4,75%.
A subida tem efeitos a partir de 20 de setembro de 2023.
Esta foi a décima subida consecutiva das taxas de juro pelo banco central, desde julho do ano passado, o ciclo de subida mais rápido da história da zona euro.
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