"É campanha café a café, campanha porta a porta, campanha pessoa a pessoa, queremos ter a certeza que chegamos a toda a gente", disse Mariana Mortágua à agência Lusa, depois de ter percorrido durante quase uma hora a zona da Ajuda, no concelho do Funchal.
Quase sempre com o cabeça de lista do BE às legislativas da Madeira, Roberto Almada, ao lado, Mariana Mortágua entrou em pastelarias, lojas de produtos para animais, cabeleireiros, ouviu queixas, preocupações e votos de "felicidades".
"Da experiência que tenho tido aqui no Funchal, temos sempre boa recetividade", contou, com uma garrafa de água com gás nas mãos, à entrada para uma esplanada onde acabou por se sentar.
Antes, ouviu os lamentos da mãe de uma filha "com dois doutoramentos" que não consegue arranjar emprego, ensaiou uma breve conversa com uma criança que lanchava com os avós e espreitou um "gatinho de anúncio" que estava dentro de uma transportadora ao colo da dona.
"Estamos muito convictos que vamos voltar ao parlamento regional", disse Mariana Mortágua sobre as primeiras eleições do partido desde que chegou à liderança do Bloco, no final de maio.
"Acho que vou começar com o pé esquerdo, mas isso no Bloco é um pronuncio de eleição", gracejou, com um sorriso, salientando que o regresso ao parlamento regional representará o reconhecimento que o partido faz falta na Assembleia Legislativa como "uma força capaz de quebrar a asfixia" política que existe na região autónoma.
Com uma atitude mais 'low profile' no contacto com a população, Roberto Almada acompanhou Mariana Mortágua no périplo pelas lojas, embora acabando sempre por ficar um pouco na 'retaguarda'.
Mas, segundo o candidato, as preocupações com o problema da Habitação na Madeira têm marcado a campanha.
"Miguel Albuquerque [presidente do Governo Regional e cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP] abre a porta àqueles que querem vir para aqui comprar, construir habitação que os madeirenses não podem pagar", acusou, lembrando que, ao contrário do candidato da coligação Somos Madeira, o BE defende medidas como a existência de um teto para as rendas, a limitação do alojamento local ou o fim dos vistos 'gold'.
O BE inaugurou a sua presença na Assembleia Legislativa da Madeira nas eleições de 17 de outubro de 2004, elegendo um deputado, que manteve nas eleições seguintes, e perdeu a representação em 2011.
Em 2015, voltou a 'entrar' na Assembleia Legislativa Regional, com dois parlamentares, mas perdeu novamente a representação nas últimas eleições.
Roberto Almada estreou-se na vida política regional em 1999, mas só ocupou o lugar de deputado em 2008 para substituir o histórico líder da UDP/Madeira Paulo Martins - eleito pelo BE nas regionais de 2004 e de 2007 e obrigado a abandonar a vida política por motivos de saúde.
O técnico superior de Educação Social voltou a ocupar um lugar no hemiciclo na legislatura 2015-2019, quando o BE reforçou a sua posição e elegeu dois representantes.
Às legislativas da Madeira de dia 24 de setembro concorrem 13 candidaturas, que disputam os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único.
PTP, JPP, BE, PS, Chega, RIR, MPT, ADN, PSD/CDS-PP (coligação Somos Madeira), PAN, Livre, CDU (PCP/PEV) e IL são as forças políticas que se apresentam a votos.
Nas anteriores regionais, em 2019, os sociais-democratas elegeram 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976, e formaram um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados). O PS alcançou 19 mandatos, o JPP três e a CDU um.
Leia Também: Mortágua 'arrasa' medidas de apoio aos jovens apresentadas por Costa