O antigo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, realçou, esta quinta-feira, que a sua candidatura a secretário-geral do Partido Socialista (PS) se dirige a "todos" os militantes do coletivo, no sentido de alcançar não só "um PS inteiro", como também "um Portugal inteiro".
"Álvaro Beleza e Francisco Assis não estão comigo desde ontem. O que é importante é afirmar a pluralidade do PS, que sempre nos caracterizou. Por isso, é uma candidatura onde estamos todos, onde cabemos todos. Como dizia Álvaro, queremos um PS inteiro, e esse é PS inteiro que a nossa candidatura representa, para podermos construir um Portugal inteiro, onde ninguém é excluído", disse, em declarações aos jornalistas, logo após o dirigente socialista Álvaro Beleza ter expressado o seu apoio ao ex-governante.
Pedro Nuno Santos reiterou ainda que o PS "é um partido plural, com diversidade de pensamento dentro daquilo que é o quadro da social democracia portuguesa e europeia".
"Há diversidade de pensamento e sempre houve; nunca foi uma fraqueza para o PS, foi sim um sinal da sua força. E esta candidatura quer representar essa mesma pluralidade. Não somos uma candidatura sectária, antes pelo contrário; somos uma candidatura transversal, que representa todas estas visões diferentes, que permitem construir posições mais acertadas que o PS vai, ao longo dos anos, apresentando, e que resultam deste debate interno", concretizou.
O socialista assumiu, nessa linha, ser essa a razão pela qual "é tão importante ter Álvaro nesta candidatura, não para sinalizar o que quer que seja, mas para participar no pensamento programático do próprio PS".
Questionado quanto à rejeição de realizar debates com o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, e com Daniel Adrião, também eles candidatos à liderança do PS, Pedro Nuno Santos reiterou que o modelo proposto apenas daria "argumentos à Direita".
"Quando estivermos a discutir o país com adversários do PS, esses debates vão, com certeza, existir. Estamos num processo interno que se realiza num momento em que estamos muito próximos das eleições legislativas. Temos muitos espaços para debater com os nossos camaradas; esse trabalho será feito pelas diversas candidaturas. Temos entrevistas, temos encontros, e é mais do que suficiente. Mais do que isso é dar argumentos à Direita. Queremos fazer o debate com os nossos camaradas de outra maneira", disse.
De notar que Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro são apontados como os dois principais candidatos à liderança do PS, no rescaldo da demissão do primeiro-ministro, António Costa.
O ministro da Administração Interna afirmou, inclusivamente, que o ponto que o separa de Pedro Nuno Santos é o facto de não demonizar o centro político e social, "porque esses cidadãos foram quem decidiu dar maiorias absolutas quer ao PS, quer ao PPD, assim como deram também maiorias absolutas aos diferentes Presidentes da República".
Sublinhe-se que as eleições diretas para a sucessão de António Costa no PS estão marcadas para 15 e 16 de dezembro, em simultâneo com a eleição de delegados, ao passo que o congresso deverá acontecer nos dias 6 e 7 de janeiro.
Face aos acontecimentos do dia 7 de outubro, no qual o primeiro-ministro apresentou a sua demissão, que foi aceite, depois de o Ministério Público ter revelado que é alvo de uma investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, optou por dissolver a Assembleia da República e convocar novas eleições, que acontecerão a 10 de março de 2024.
Naquela manhã, as buscas da Polícia de Segurança Pública (PSP) e do Ministério Público culminaram com a detenção de cinco pessoas - entretanto libertadas -, incluindo o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária. Já o ministro das Infraestruturas, João Galamba, foi constituído arguido.
Por seu turno, António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça "em tudo o que entenda necessário", numa declaração a partir do Palácio de São Bento.
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