"Estamos a falar de uma cambalhota de 180 graus que é feita apenas por motivos verdadeiramente eleitoralistas e oportunistas de uma eleição interna [diretas do PS]. Penso que é uma coisa até grave do ponto de vista da coerência política e do discurso político", considerou Paulo Rangel, em declarações à Lusa.
Em causa está uma entrevista divulgada hoje pela rádio Renascença, na qual o ministro da Educação afirmou que, caso haja uma gestão - que espera que seja "liderada por Pedro Nuno Santos enquanto primeiro-ministro" - que, em termos orçamentais, consiga dar resposta à recuperação do tempo de serviço de todas as carreiras da administração pública, incluindo dos professores, tal o deixaria "muito contente", considerando esta reivindicação "justa e legítima".
João Costa salientou o caminho feito pelo executivo desde 2015 na recuperação de rendimentos, considerando que Pedro Nuno Santos vai continuar essa trajetória e, segundo a entrevista da Renascença, acrescentou: "Se a continuidade passar pela recuperação do tempo de serviço, melhor".
Para o social-democrata Paulo Rangel, estas declarações "não têm qualquer crédito nem credibilidade".
"Não se pode estar oito anos a dizer que é impossível fazer [a recuperação do tempo de serviço] até por razões orçamentais, e agora dizer que, afinal, a mesma pessoa que foi o rosto dessa oposição, ser a mesma pessoa que agora vem dizer que afinal já é possível, especialmente se votarem no meu candidato [Pedro Nuno Santos]. Isto é uma coisa que sinceramente é, do meu ponto de vista, uma grande falta de respeito por toda a comunidade educativa e tem de ser denunciada", criticou Paulo Rangel.
O dirigente social-democrata e eurodeputado, acusou João Costa de "grande desfaçatez e grande desplante", considerando que o ministro "é o rosto durante oito anos da recusa obstinada em resolver o problema da recuperação do tempo dos professores, juntamente com António Costa".
Paulo Rangel considerou "muito importante que os portugueses apostem na alternativa consistente, séria, ponderada" do PSD, lembrando que o partido apresentou em setembro, antes de serem anunciadas as eleições legislativas de março, a recuperação integral do tempo de serviço dos professores, faseada em cinco anos, devolvendo 20% em cada ano.
"O senhor ministro da Educação sinceramente acaba de prestar um mau serviço ao PS e a ele próprio, do meu ponto de vista", rematou.
O candidato a secretário-geral do PS Pedro Nuno Santos defende na sua moção global a "recuperação gradual do tempo de serviço que esteve congelado" de todos os funcionários públicos, como condição para "uma Administração Pública inovadora e eficiente".
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