"Pedro Nuno Santos não tem legitimidade, não tem moral para dizer que a direita vai fazer balbúrdia ou vai fazer bagunça porque, como eu disse ontem [quarta-feira], ele é o ministro trapalhadas, é o ministro da bagunça, é o ministro da confusão, da desautorização", acusou.
O líder do Chega falava aos jornalistas antes de iniciar uma arruada em Mem Martins, concelho de Sintra (distrito de Lisboa).
André Ventura insistiu que o antigo ministro das Infraestruturas e da Habitação "governou permanentemente em estado de bagunça e de balbúrdia", sustentando que foi assim em áreas como a TAP, a ferrovia o novo aeroporto.
"Não lhe reconheço essa legitimidade para fazer acusações", afirmou.
Em altura de pré-campanha para as eleições legislativas de 10 de março, o presidente do Chega dirigiu-se aos portugueses para dizer que "se quiserem manter a balbúrdia que tem sido, é votarem em Pedro Nuno Santos".
Já "se quiserem uma alternativa que não seja de balbúrdia, é votar no Chega", salientou.
André Ventura voltou a não esclarecer quem "são as forças vivas" do PSD que lhe deram a garantia de que haverá acordo de Governo, com ou sem Luís Montenegro, se houver maioria à direita no parlamento na sequência das eleições, depois de também se ter recusado a fazê-lo no debate com Pedro Nuno Santos, na quarta-feira à noite.
O secretário-geral do PS considerou hoje que o debate pré-eleitoral permite demonstrar que os socialistas dialogam com as forças à sua esquerda, enquanto entre os partidos de direita se assiste "à bagunça", o que indicia instabilidade.
Pedro Nuno Santos tentou colocar em contraste a forma como os debates televisivos têm decorrido entre os líderes dos partidos de esquerda e as "contradições" entre os presidentes do PSD e do Chega, respetivamente Luís Montenegro e André Ventura, sobre a formação de um Governo de direita.
"Connosco há estabilidade e progresso, mas com a direita há bagunça. Temos uma direita que não se entende, um PSD que diz rejeitar o Chega e um Chega que diz que tem garantia total de acordo [de Governo] com ou sem Luís Montenegro", apontou o líder socialista.
Hoje, André Ventura foi também questionado sobre declarações do ex-presidente do PSD, que defendeu "um escrutínio democrático sobre o Ministério Público e sobre a justiça em geral" e também um pacto entre PS e PSD para uma reforma "quanto mais alargada, melhor".
Rui Rio admitiu que esse acordo poderá "ter de ser ainda mais alargado" na sequência do resultado das eleições legislativas.
O presidente do Chega considerou que Rui Rio "não é, neste momento, o interlocutor mais isento para poder fazer uma declaração destas" e acusou o social-democrata de querer "silenciar a justiça" e "pôr o MP a responder aos políticos".
"Termos o PS e o PSD, que são os partidos mais envolvidos em casos, a fazer um pacto para a justiça neste momento é o mesmo que dizer aos portugueses que PS e PSD se vão juntar para atacar a justiça. É o pior serviço que podemos prestar ao país", criticou.
O líder do Chega defendeu que um pacto entre PS e PSD para a justiça "é o mesmo que estar a dar ao poder político uma impunidade e uma imunidade que os outros cidadãos não têm", e pediu "serenidade", alertando que poderá soar a "um ataque pelos políticos à Polícia Judiciária e ao Ministério Público".
André Ventura considerou que uma reforma não pode servir para "atrofiar ou para silenciar a justiça", mas para dar "os meios mas também a responsabilidade".
"Em muitos casos que temos absolvições, também temos muitas outras centenas, milhares, de condenações. Nós temos de deixar que a justiça faça o seu caminho sem interferência política de preferência", acrescentou.
O presidente do Chega considerou também que o Ministério Público e a Polícia Judiciária têm de ser escrutinados "e, sobretudo, têm que comunicar, têm que comunicar melhor".
O Chega fez hoje uma arruada em Mem Martins, e André Ventura demonstrou-se satisfeito por estar na sua terra, onde disse viverem pessoas que "foram esquecidas e que se sentem há muitos anos abandonadas" pelos sucessivos governos.
[Notícia atualizada às 18h39]
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