No discurso no comício do BE desta noite, no Porto, Mariana Mortágua respondeu àquilo que tinha ouvido horas antes do primeiro-ministro cessante, António Costa, num comício do PS também na cidade invicta.
" [O PS] falhou e falhou e falhou e não há comício do PS que explique e que mostre o contrário ao nosso povo", acusou.
Não sabendo se a audiência que se juntou na Escola Alexandre Herculano tinha ouvido a intervenção de António Costa, a líder do BE antecipou na mesma perceção que ela retirou: "a maioria absoluta acabou e o PS não se deu conta, não se apercebeu que acabou a maioria absoluta".
"Menos arrogância, mais soluções. Menos soberba, mais humildade. E isso que dizemos daqui ao PS", atirou.
Mortágua recuperou a ideia defendida por Costa de que "houve uma maioria absoluta porque o povo deu uma nota de muito bom ao PS e a queixar-se que a sua própria demissão lhe interrompeu o jogo".
"Foi a maioria absoluta que nos trouxe aqui e com franqueza agora valem menos as justificações e só valem as soluções e o que queremos é resolver a crise, resolver as crises que a maioria absoluta deixou", pediu.
Com a exceção desta resposta ao antigo líder socialista, todo o discurso de Mortágua foi focado nas cuidadoras e cuidadores informais, um "exército de invisíveis" cuja história representa também, segundo o BE, o que foi a maioria absoluta do PS: "promessas vazias, compromissos quebrados, desprezo pelas pessoas".
"Nenhuma agência de 'rating' sabe avaliar o esforço das cuidadoras informais", disse.
Puxando atrás a fita do tempo sobre a luta destas cuidadoras informais, que são na maioria mulheres, a líder do BE recordou que foi o partido que apresentou inicialmente um projeto de lei que "o PS não queria" e que só foi possível colocar na lei este estatuto, durante o período da geringonça, "porque não havia uma maioria absoluta".
"As maiorias absolutas são máquinas de fazer impossíveis", defendeu.
Apesar de todas as conquistas reclamadas pelo BE para cuidadores e cuidadoras informais, que representam 8% da população, os bloquistas não estão satisfeitos e prometem "levar para a próxima legislatura todos os direitos que estão por inscrever na lei", como reconhecer todos os anos de serviço prestados no passado ou criar "uma licença de 30 dias, remunerada, que sirva as necessidades de quem cuida".
"A força do Bloco de Esquerda é a garantia que fazemos justiça com todas as cuidadoras informais deste país", disse, criticando que a verba que nos últimos quatro orçamentos estava prevista pouco tenha sido executada.
"Não nos digam que isto se chama prudência, isto é falhar a quem precisa", condenou.
Mortágua terminou com um apelo ao voto destes cuidadores informais e com a "proposta radical" do BE de criar um serviço nacional de cuidados.
[Notícia atualizada às 07h05]
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