O antigo líder do Partido Social Democrata (PSD) Luís Marques Mendes comentou, este domingo, a atualidade política, num momento em que o país se encontra a uma semana de ir às urnas.
A semana, que ficou marcada por polémicos momentos na campanha da Aliança Democrática, começou no entanto, com uma ‘boa-nova’: António Costa regressou aos estudos, e foi mesmo por aqui que Marques Mendes começou a sua análise.
“O primeiro-ministro inscreveu-se numa pós-graduação na Universidade Católica para se especializar de hoje [para] amanhã em áreas como mediação e arbitragem. Houve algumas graçolas sobre esta matéria e eu por acaso acho que acho que esta é uma matéria bastante mais séria daquilo que se pensa”, considerou, no seu espaço de comentário na SIC Notícias.
O comentador sublinhou que esta questão tinha um duplo significado. “O primeiro é o reconhecimento de que acabou o ciclo político de António Costa como primeiro-ministro. O segundo é que ele já está a preparar o seu futuro”, atirou, defendendo que os próximos tempos de Costa ou seriam “na Europa ou numa atividade profissional privada”.
“A hipótese da Europa era claramente era a melhor solução para todos. Para Costa, porque é ambição dele já muito antiga. Para a Europa, porque ele tem um bom perfil para presidente do Conselho Europeu – tem grande capacidade de diálogo e de fazer pontes com todos. Para Portugal, porque sai prestigiado. Era bom para o próximo Governo português porque ficava com uma ponte no Conselho Europeu - até para Montenegro, se vier a ser primeiro-ministro, acho que só o favorecia ter António Costa no Conselho Europeu”, explicou, chamando ainda à atenção para a investigação em curso, que devia ser “bom” resolver até julho, quando “estas matérias se decidem”.
Mas até julho… as eleições
Marques Mendes comentou ainda as eleições, que decorrem no próximo domingo, 10 de fevereiro, apontando que pode haver uma viragem ou uma meia-viragem – esta última exemplificando com as saídas de Aníbal Cavaco Silva, em 1995 e a saída de António Guterres, em 2002, Marques Mendes relembrou que em ambas as situações quiseram mudar de “primeiro-ministro, partido e de orientação política”. “Historicamente foi assim. Agora, falta saber o que é que vai ser desta vez com a saída de António Costa. Depende dos juízo que os portugueses fizerem. Ou acompanham os acontecimentos tal como aconteceram no passado, ou têm outra orientação. Estamos para ver”, atirou.
Marques Mendes falou ainda sobre a semana “quente e fria” de Luís Montenegro, que considerou ter tido “pontos positivos e negativos” – recorde-se que estes últimos dias ficaram marcados por declarações mais polémicas de responsáveis ligados à Aliança Democrática. “Comecemos pela parte dos pontos negativos. Acho que, sobretudo, foi o ruído. Polémicas em torno das afirmações sobre imigração, de Passos Coelho, polémica sobre um novo referendo ou não sobre o aborto, também sobre agricultura e alterações climáticas. Ou seja: ruído nunca é bom. Polémicas desviam atenções da mensagem essencial. Do ponto de vista da AD, eles é que sabem, era melhor evitar. Mas aconteceram”, reconheceu.
Por outro lado, Marques Mendes não deixou ainda de apontar os pontos positivos dos últimos dias. “Um foi o surgimento de Pedro Passos Coelho”, afirmou, dizendo, no entanto que discordava da afirmação que o antigo primeiro-ministro proferiu, tentando "ligar a imigração a insegurança”, que “criou o ruído”.
“Acho que foi importante a presença dele. Porquê? Porque havia especulação de que ele estava de costas voltadas para Montenegro. Se não fosse, esta especulação ia durar até ao último dia”, afirmou, explicando que também Passos Coelho tem um “estatuto especial” para algum eleitorado” e que isso se pode traduzir “em algo efeito”.
E perante as polémicas à sua volta, como ‘se portou’ Montenegro?
Marques Mendes considerou ainda que perante as várias polémicas que foram surgindo ao longo da semana, o líder da AD, Luís Montenegro, agiu, por norma, bem, e até de forma elegante. “Tentou desvalorizar os casos, ou seja, com firmeza, para pôr ordem na casa, mas ao mesmo tempo com moderação, ponderação e equilíbrio”, defendeu, dizendo que achava que era esta imagem que achava que “estava a surpreender”, já que há cerca de três meses “havia muita gente até na área do centro-direita que tinha muitas dúvidas sobre Montenegro”.
E a última semana?
Quanto aos últimos dias de campanha, Marques Mendes considerou que esta "semana será uma espécie de tudo ou nada". O comentador defendeu que "ainda estava quase tudo em aberto", justificando que as sondagens apontam que a AD está à frente em três das quatro. "O problema é que esta dinâmica favorável pode ser invertida porque o número de indecisos não é só alto, mas muito alto", atirou.
"Não tenho dúvida que se não houvesse o Chega, ou seja, se fosse eleição com partidos tradicionais sem o Chega, a AD ganhava tranquilamente esta eleição. O problema é que o Chega é um dado novo, tem intenção de voto muita alta nas sondagens - e pode prejudicar todos, mas prejudica mais a AD. Esta semana vai ser altamente dramatizada", considerou.
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