Os apelos ao voto útil ganharam destaque na campanha na noite de terça-feira, com o presidente do PSD, Luís Montenegro, a dirigir-se aos potenciais eleitores do Chega, pedindo-lhes que considerem votar na AD (PSD, CDS-PP e PPM), e afirmando que os respeita, que sabe que não são extremistas nem racistas e que compreende a sua frustração.
Na mesma ocasião, o antigo presidente do CDS-PP Paulo Portas avisou que as eleições "ainda não estão decididas" e apelou aos indecisos que querem mudar de governo que concentrem o voto na AD, acusando o líder do PS, Pedro Nuno Santos, de "ziguezagues" diários sobre a governabilidade e André Ventura, sem o nomear, de inconstância e permanentes "pingue-pongues".
Já hoje, décimo primeiro dia de campanha, o secretário-geral do PS afirmou que cada nova figura que aparece nos comícios da AD faz "lembrar o pior" do passado e que o PS é um "porto seguro" para pensionistas e para a generalidade dos trabalhadores, contrapondo que a AD corta nas pensões e nos salários da função pública logo que há aperto, numa advertência dirigida sobretudo aos eleitores indecisos.
O histórico dirigente socialista Manuel Alegre juntou-se à campanha do PS, na terça-feira, e considerou que, nestas eleições, "trata-se de escolher ser por ou contra o SNS, a escola pública, o rendimento social de inserção, as contas certas, os aumentos de salários e pensões".
Por sua vez, o presidente do Chega, André Ventura, recusou a narrativa do líder do PSD de que o seu partido está a perder votos para a AD, contrapondo que tem "visto precisamente o contrário".
A Iniciativa Liberal (IL) contou com a presença na campanha do seu anterior presidente, João Cotrim de Figueiredo, o qual alertou que a AD sozinha "não vai mudar Portugal a sério", alegando que lhe falta coragem e determinação.
Por parte da CDU (PCP e PEV), o secretário-geral comunista, Paulo Raimundo, reiterou que só o voto nesta coligação pode ser uma resposta contra a "falsa bipolarização entre PS e PSD".
A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, defendeu na terça-feira à noite que a escolha nestas eleições é entre "fugir para trás" para uma governação de direita e "puxar para frente" com uma maioria de esquerda na qual os bloquistas tenham uma palavra a dizer, defendendo que "fugir para trás é entregar o poder aos defensores dos cortes nas pensões, do maior aumento de impostos na história, da perseguição às mulheres que foi o Governo com Passos Coelho, Paulo Portas e Montenegro".
A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, defendeu a necessidade de haver mais pluralidade na Assembleia da República, considerando que o país não pode ficar refém de maiorias absolutas nem de alianças "muito pouco democráticas", enquanto o porta-voz do Livre, Rui Tavares, reclamou ter persuadido o antigo ministro das Infraestruturas e secretário-geral socialista a aprovar o Passe Ferroviário Nacional e apelou à eleição de um grupo parlamentar para fazer mais.
Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar no domingo para eleger 230 deputados à Assembleia da República.
A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.
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