O antigo líder do Partido Social Democrata (PSD), Luís Marques Mendes, considerou, este domingo, que "as condições de governação" com que Luís Montenegro se depara "são, talvez, as piores de sempre". Contudo, Marques Mendes destacou que há opções que estão "em aberto", já que não é claro se a Iniciativa Liberal vai entrar na governação.
"Com Iniciativa Liberal ou sem Iniciativa Liberal, é um Governo que fica muito longe da maioria absoluta de deputados", salientou Marques Mendes, apontando que o Executivo de Luís Montenegro tem, assim, "um caminho estreito".
No seu espaço de comentário na SIC, Marques Mendes referiu que o futuro primeiro-ministro "parte com baixas expectativas" e que, por isso, tem mais hipóteses de surpreender.
O social-democrata indicou ainda que, para que o próximo Governo surpreenda, "são precisos ter ministros que, além de competentes, sejam experientes", reforçando a ideia de que é necessário pessoas "que já tenham tido experiência política e até experiência governativa".
O antigo líder do PSD considerou que o novo Governo não terá tempo "para estagiar". Será necessário "ter iniciativa" e "grande capacidade de diálogo". Para Marques Mendes, terá de haver entendimentos com o Partido Socialista (PS) pelo menos em três áreas: a localização no novo aeroporto, a escolha do próximo procurador-geral da República e algumas reformas na Justiça.
Santos Silva de fora? "Parece desforra"
Em destaque esteve também a possível distribuição do resultado dos votos da emigração. Marques Mendes destacou que Portugal está numa "situação atípica", uma vez que "a Aliança Democrática já registou publicamente a sua vitória" e o "PS também já reconheceu publicamente a sua derrota". Ainda assim, os resultados dos círculos da emigração não foram ainda revelados, mas podem "em teoria alterar o resultado global".
Apesar de o considerar improvável, Marques Mendes salientou ainda que Augusto Santos Silva "corre o risco de não ser eleito". Para o comentador, o cenário pode verificar-se se o Chega tiver um bom resultado nos círculos da emigração, o que reparou ser "irónico", uma vez que nos últimos anos "Santos Silva esteve permanentemente a provocar a censurar o Chega".
"Parece uma desforra", afirmou.
Formação de Governo. "Há sete pastas" sensíveis
Luís Marques Mendes falou também sobre a formação do Governo, tendo sublinhado que que existem "sete pastas" que têm de ser ocupadas por ministros com especial "experiência governativa". O comentador falou dos Assuntos Parlamentares, das Finanças, da Economia, da Saúde, da Educação, da Administração Interna e da Justiça.
Na ótica do social-democrata, estes ministros terão de manter um "diálogo intenso" na Assembleia da República.
OE 2025 pode derrubar o Governo?
Marques Mendes falou ainda sobre uma possível queda do Governo com o chumbo do Orçamento de Estado para 2025. Ainda que seja um cenário possível, o comentador referiu também que "pode não suceder".
Na ótica do antigo líder do PSD, tudo vai depender do estado do Executivo nessa altura, já que "se o Governo estiver a governar bem" e "tiver uma boa imagem", dificilmente será derrubado pela oposição.
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