O antigo ministro das Infraestruturas, João Galamba, defendeu que se deve "partir do pressuposto que se trata de mera coincidência" o facto de as buscas levadas a cabo no Ministério da Saúde e no hospital de Santa Maria, no âmbito da investigação ao caso das gémeas luso-brasileiras tratadas em Portugal tenham ocorrido em pleno período de campanha eleitoral para as eleições Europeias.
"É normal que as pessoas questionem mas também é normal que devamos todos partir do pressuposto saudável que se trata de uma mera coincidência porque, a partir do momento em que abandonarmos esse pressuposto, entramos num terreno bastante assustador", destacou, em comentário na CNN Portugal.
De acordo com João Galamba, "presumir que há politização da investigação e que há utilização do poder coercivo do Estado para intervenção fora do âmbito daquela que uma investigação judicial, somos forçados a concluir que vivemos em tempos sinistros". "Prefiro partir do pressuposto que isso não acontece e espero continuar a poder ter condições para manter esse pressuposto", acrescentou.
Na ótica do antigo ministro das Infraestruturas, "esse pressuposto é essencial para a nossa vida em sociedade", uma vez que "no momento em que deixarmos de estar numa sociedade sã, inteiramente livres do medo do poder coercivo do Estado, não é propriamente um país em que queira viver". E reforçou: "Muito menos no ano em que celebramos 50 anos do 25 de Abril. Esse é mesmo um medo que não podemos ter".
Recorde-se que o ex-secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales foi constituído arguido na segunda-feira no âmbito da investigação ao caso das gémeas. No mesmo dia, a sua casa foi alvo de buscas judiciárias.
No âmbito do mesmo processo, a PJ esteve hoje a fazer buscas em duas unidades do Serviço Nacional de Saúde (uma delas o Hospital Santa Maria) e em instalações da Segurança Social.
De acordo com o Ministério Publico, estão em causa factos suscetíveis de configurar "crime de prevaricação, em concurso aparente com o de abuso de poderes, crime de abuso de poder na previsão do Código Penal e burla qualificada".
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