Costa no CE "é excelente". Apoio do PPE (e de Montenegro) foi "essencial"
Durão Barroso assumiu que, nesta conjetura geopolítica atual, "o tipo de liderança pode fazer a diferença", ao mesmo tempo que recordou que, como "o presidente do CE está no centro do diálogo", a nomeação "é uma excelente notícia" para Portugal.
© David Tiago / Global Imagens
Política Durão Barroso
O ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, considerou, esta quinta-feira, que a eleição do antigo primeiro-ministro, António Costa, para o cargo de presidente do Conselho Europeu (CE) "é uma excelente notícia" para Portugal, uma vez que concede "prestígio" ao país.
Depois de ter felicitado o socialista, Durão Barroso confessou esperar que Costa "leve uma perspetiva portuguesa" para o cargo, além de "uma perspetiva de consenso europeu".
"Acho que o vai fazer com competência; espero também que leve uma perspetiva portuguesa. Obviamente que tem de ter uma perspetiva de consenso europeu, mas que leve consigo uma perspetiva de moderação, de equilíbrio. Acho que foi isso que, de certa forma, tornou natural a sua escolha", disse, em entrevista à CNN Portugal.
O social-democrata assumiu, além disso, que nesta conjetura geopolítica atual "o tipo de liderança pode fazer a diferença", ao mesmo tempo que recordou que, como "o presidente do CE está no centro do diálogo", a nomeação "é uma excelente notícia" para Portugal.
"Digo que apoio não apenas porque sou um patriota primário, mas acho sinceramente que isto é bom para Portugal, em termos de prestígio. Conta, nas relações internacionais, termos portugueses [no cargo de] presidente da Comissão Europeia, presidente do Conselho Europeu e secretário-geral das Nações Unidas", complementou.
Já no seio da União Europeia (UE), o responsável indicou que Costa "procurará evitar qualquer coisa que venha contra os nossos interesses e valores", ao mesmo tempo que salientou que, "pelo simples facto de lá estar, os outros governos vão tentar não apresentar propostas que possam ser vistas negativamente no país do presidente da Comissão Europeia ou do Conselho Europeu". "É assim que se constrói influência", reforçou.
Durão Barroso disse ainda estar "absolutamente convencido" de que o apoio concedido pelo Partido Social Democrata (PSD) foi essencial para este desfecho, ainda que tenha frisado existir "uma tradição de consenso" nestas situações.
"Além dos méritos de Costa, era essencial que o Partido Popular Europeu (PPE) o apoiasse; é o maior partido. Houve um acordo das três famílias políticas europeias consideradas pró-europeias, o PPE, o grupo socialista e o grupo liberal. Estes três partidos garantiram o apoio, no Conselho Europeu, a António Costa", disse.
Por seu turno, as resistências manifestadas por Itália foram explicadas, em parte, pela a posição de António Costa no que diz respeito "ao controlo da imigração, nomeadamente da imigração ilegal, [que] é considerada mais liberal e menos securitária do que a de outros lideres socialistas".
Além disso, Durão Barroso apontou que "terá sido dado como argumento a questão jurídica não completamente esclarecida, mas assumiu-se, como é natural e correto, a presunção de inocência".
Saliente-se que António Costa foi eleito por uma maioria qualificada dos líderes dos 27 Estados-membros da UE, que se encontram reunidos em Bruxelas, esta quinta-feira.
Além do antigo primeiro-ministro, ficou determinado que Ursula von der Leyen ocupará novamente o cargo de presidente da Comissão Europeia, ainda que a decisão esteja dependente do aval final do Parlamento Europeu.
Já primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, foi nomeada para a função de Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, sujeita à eleição pelos eurodeputados de todo o colégio de comissários.
António Costa, que sucede ao belga Charles Michel, tomará posse em dezembro para um mandato de dois anos e meio na liderança do Conselho Europeu, a instituição da UE que junta os chefes de Governo e de Estado do bloco europeu.
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