"Não é possível governar e sobretudo não é possível os países serem governados com responsabilidade, com estabilidade e com qualquer tipo de estratégia se não se tentar encontrar pontes", defendeu a antiga deputada centrista.
Cecília Meireles falava nas jornadas parlamentares do CDS-PP, que decorrem entre hoje e terça-feira na Assembleia da República, num painel sobre os 50 anos do partido no parlamento.
A antiga deputada disse que cabe aos cidadãos, nas eleições, escolher se querem partidos que não estão "disponíveis para nenhuma cedência" ou forças políticas "capazes de encontrarem entendimentos e pontes".
No mesmo painel, o antigo líder do CDS-PP José Ribeiro e Castro defendeu que "o maior contributo que o CDS podia ter dado à democracia portuguesa foi ter votado contra a Constituição" e considerou que essa oposição "inaugura as revisões constitucionais".
Ribeiro e Castro sustentou também que o CDS-PP não pode repetir uma solução de governo com o PS, como aconteceu no final da década de 1970, salientando que os centristas posicionam-se como "alternativa" aos socialistas.
O antigo presidente do CDS-PP considerou ainda que, na altura da 'geringonça', o PS "alienou boa parte da sua identidade" e que "há uma boa parte da extrema-esquerda que em vez de estar no BE, está dentro do PS e torna as coisas particularmente difíceis".
"Nós hoje infelizmente não podemos contar com o PS para tudo o que é decisivo para o regime democrático e para tudo o que é decisivo para a estabilidade", criticou.
Nuno Magalhães, outro líder parlamentar do CDS-PP referiu-se também à solução de acordo parlamentar entre PS, PCP, BE e PEV, considerando que "a 'geringonça' não fez nada bem à democracia, radicalizou aquilo que não era radicalizado" e que antes "havia uma cultura de compromisso e de consenso entre os chamados partidos do arco da governabilidade" que "permitia continuidade".
O dirigente centrista falou também da sua relação com o agora primeiro-ministro Luís Montenegro quando os dois eram líderes parlamentares do CDS-PP e do PSD, respetivamente, e indicou que "a palavra-chave era respeito pela diversidade".
Nuno Magalhães revelou também que os dois presidentes dos grupos parlamentares combinavam "os desacordos", nomeadamente a "forma, as expressões", e referiu que falava "várias vezes ao dia" com Montenegro e os dois iam almoçar.
No mesmo painel, o antigo líder parlamentar e antigo ministro Luis Pedro Mota Soares salientou que as marcas do CDS-PP são a sua identidade e a capacidade de diálogo com outras forças políticas e o partido distingue-se por apresentar alternativas quando não está de acordo em alguma matéria.
No painel seguinte, com o tema "Portugal mais seguro", o secretário de Estado da Administração Interna fez uma apresentação sobre o trabalho do ministério nos últimos três meses e o que está planeado para o futuro.
Telmo Correia, um dos três governantes do CDS-PP que integram o atual executivo, referiu-se ao acordo alcançado com as forças de segurança sobre o suplemento de missão e defendeu que é algo que o CDS e o PSD "deviam valorizar e registar como um momento fundamental da ação do Governo".
O secretário de Estado da Administração Interna destacou que "os principais protagonistas assinaram este acordo".
Telmo Correia disse ainda que "o acordo não resolve tudo" e que "é preciso melhores condições de trabalho para as forças de segurança".
No que toca à segurança das fronteiras, o secretário de Estado afirmou que o novo Governo encontrou "o caos" e disse que "houve dinheiro relevante" de fundos europeus "que foram perdidos", sem querer no entanto precisar um valor.
Telmo Correia indiciou também que o Governo quer aumentar o policiamento de proximidade e a visibilidade policial, além de aumentar a videovigilância.
[Notícia atualizada às 18h59]
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