PCP avisa que se vive "momento decisivo da vida nacional"
O secretário-geral do PCP considerou hoje que se vive "um momento decisivo" a nível nacional, pondo em confronto quem quer "concluir o processo contrarrevolucionário" e quem defende os valores de Abril, avisando que vai definir o rumo do país.
© Lusa
Política Paulo Raimundo
"Estamos num momento decisivo da vida nacional: o confronto que opõe os que querem concluir o processo contrarrevolucionário e as forças que, tal como o PCP, ancoradas em Abril e na Constituição, lhe resistem. O confronto entre os dois movimentos marca e determinará a evolução do país nos tempos mais próximos", afirmou Paulo Raimundo.
O líder comunista discursava no início de uma reunião regional de quadros do PCP de Lisboa, que se realizou no Alto dos Moinhos, com o intuito de debater as Teses - Projeto de Resolução Política proposto pelo Comité Central ao XXII Congresso do partido.
O secretário-geral do PCP salientou que, 50 anos após o 25 de Abril, a vida em Portugal é "marcada pelo aprofundamento da política de direita e pelo processo de integração capitalista da União Europeia (UE)", salientando que "se verifica o crescente domínio do capital sobre quase todas as esferas da vida nacional".
"A presença do capital estrangeiro estende-se a mais de 50% das grandes empresas, o modelo económico imposto despreza a produção nacional, vira-se para a atividade de baixo valor acrescentado - como é exemplo o turismo -, promove crescentes desigualdades no território e na sociedade", elencou.
O secretário-geral do PCP salientou que os primeiros meses do Governo PSD/CDS "confirmam a intenção do aprofundamento da política de direita", um "rumo que se expressa nas opções, no programa do Governo e que se expressará no próprio Orçamento do Estado".
"Perante a convergência entre PSD, CDS, Chega, mas também PS naquilo que é essencial para os interesses dos grupos económicos, há a afirmação do PCP como a verdadeira força da oposição e da alternativa", sustentou.
Paulo Raimundo defendeu que se exige "o enfrentamento com as imposições da UE", que acusou de estar orientada "para a concentração do poder nas grandes potências capitalistas europeias e simultaneamente alinhadas com o imperialismo americano".
Salientando que reconhece "as exigências que estão colocadas para que se consiga romper com a política de direita e abrir caminho à alternativa política", Paulo Raimundo apelou aos militantes do PCP para que reforcem a sua intervenção, organização e influência junto das massas.
"Sem um PCP mais forte, podem-se fazer muitas coisas, mas não se abrirá nunca o rumo de que o país precisa", avisou, definindo o reforço da responsabilização dos quadros do partido como "a medida mais prioritária" para o PCP.
Paulo Raimundo considerou em particular que é necessário "responsabilizar mil novos quadros por tarefas", além de querer também a criação de "mais cem células em empresas e locais de trabalho".
Naquele que foi o pontapé de saída para o XXII Congresso do PCP, que se vai realizar entre 13 e 15 de dezembro em Almada, Paulo Raimundo salientou que a reunião magna do partido vai ser preparada "com uma profunda ligação à realidade, às dificuldades e às injustiças que marcam o dia-a-dia" do povo.
O líder do PCP apelou à participação dos militantes do partido na preparação do Congresso em reuniões e assembleias que terão lugar por todo o país até ao final de novembro, salientando que "cada um tem o direito e o dever de dar a sua contribuição para o debate, para a reflexão coletiva, para o apuramento das responsabilidades".
"Aqui, os congressos não são um espetáculo montado para as televisões ou uma luta entre fações para escolher qual é o chefe. Nós não queremos um congresso preparado por alguns, queremos um congresso preparado e construído pelo maior número possível de membros do partido", frisou.
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