O antigo ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares Miguel Relvas comentou, esta quarta-feira, o tema do Orçamento do Estado para 2025, que será entregue amanhã na Assembleia da República.
"Já é um processo tão cansativo, que tem tido avanços e recuos", lembrou, acrescentando: "Faz-me lembrar que na minha geração se jogava o Monopólio, em que havia uma casa que mandava voltar para o princípio quem lá caía. É a sensação que vamos tendo ao longo destes meses".
No 'Crossfire', espaço de comentário da CNN Portugal, o ex-governante considerou ainda "deselegante" a forma como o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, abordou a entrevista do primeiro-ministro, Luís Montenegro - que falou ontem à SIC, enquanto o socialista falou hoje à CNN Portugal.
"Quando diz que Montenegro teve um 'passeio no parque'. Eu digo que ele hoje [Pedro Nuno Santos] teve um 'drama no parque'. Porque foi muita narrativa e pouca perspetiva", considerou, apontando que o líder da oposição não esclareceu nada e instalou mais confusão.
Questionado sobre a inexistência de um acordo entre o Governo e o PS, o comentador disse que já tinha vivido muitas eleições e que o cenário atual parecia ter tudo "invertido". "De uma forma muito habilidosa, e inteligente, o primeiro-ministro marca uma posição. O Partido Socialista entusiasmou-se e deixa passar para o país a perceção de que há um entendimento", afirmou, referindo-se aos anúncios e contrapropostas de cada uma das partes.
"A primeira sensação do PS foi cantar vitória. O primeiro-ministro recuou, o Governo recuou. Qual é a perceção que passa para o país? Há um Orçamento. E em bom rigor, uma perceção global", afirmou, defendendo que a seu ver é "incompreensível que não havendo divergências de fundo" o Orçamento não passe.
Voltando à entrevista, Miguel Relvas considerou que as certezas que a entrevista de Pedro Nuno Santos dão começam por uma futura candidatura de Alexandra Leitão à Câmara Municipal de Lisboa. Recorde-se que, na entrevista, Pedro Nuno disse ter a certeza de que a atual líder da bancada parlamentar socialista era um bom nome para o cargo.
Ainda em termos de eleições, Relvas falou sobre os "vários nomes" deixados por Pedro Nuno Santos para um eventual apoio do PS à Presidência da República. "Isto é revelador de quem não tem uma estratégia, de quem não tem uma certeza, de quem não tem uma atitude. A esta entrevista faltou uma impressão digital da liderança do Partido Socialista", atirou.
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