Catarina Martins, eurodeputada do Bloco de Esquerda (BE), considerou, esta segunda-feira, que os deputados do Chega "fizeram pouco dos bombeiros", na sequência do protesto que o partido levou a cabo na Assembleia da República, com a colocação de tarjas nas janelas sobre o fim do corte nos salários dos políticos.
"Choca-me, sobretudo, a forma como o Chega tratou os bombeiros, acho que é uma falta de respeito", afirmou a bloquista, no programa 'Linhas Vermelhas', da SIC Notícias.
Recorde-se que elementos do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa montaram uma grua para aceder às janelas e retirar as faixas colocadas na fachada principal do Palácio de São Bento, mas acabaram por não ter de intervir uma vez que, quando os bombeiros se aproximaram, estas começaram a ser puxadas por elementos do partido, entre os quais o líder, André Ventura, a partir do interior.
"Se eu fosse o André Ventura diria 'está alguém a precisar de ser salvo e não está por causa da brincadeira parva do Chega'. O que pode ter acontecido. Mas, para além disso, quem é que no seu perfeito juízo olha para um bombeiro e faz-lhe a brincadeirazinha de puxar o pano quando o bombeiro esta lá a trabalhar, numa escada, a não sei quantos metros de altura?", interrogou.
"Isto ultrapassa todos os limites. O meu problema já não é limites políticos ou penais, são os limites básicos da vida em sociedade", considerou.
Catarina Martins lembrou ainda as bandeiras do Chega e atirou: "Tanto dizem que defendem os bombeiros, defendem as forças de segurança, fizeram pouco dos bombeiros, fizeram pouco das forças de segurança".
Por último, a eurodeputada elogiou o presidente da Assembleia da República. "Não é alguém com quem eu concorde muitas vezes, mas acho que Aguiar-Branco esteve bem ao dizer que era preciso continuar com os trabalhos. E era o que mais faltava que a Assembleia da República parasse os trabalhos por causa das parvoeiras de 50 deputados que desrespeitam até os bombeiros que têm à sua frente", rematou.
As faixas foram colocadas nas fachadas principal e lateral do edifício da Assembleia da República e também no chamado edifício novo do parlamento, penduradas em várias janelas, com a inscrição "OE2025 aumenta salários dos políticos. Vergonha".
Além desta inscrição, existiam também pendões em tom de vermelho com montagens de fotografias do primeiro-ministro, Luís Montenegro, do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e do líder do CDS-PP, Nuno Melo, como se estivessem a mostrar dinheiro em frente à cara.
Em causa não está o aumento dos salários dos políticos, mas o fim do corte de 5% dos vencimentos que foi aplicado em 2010 no contexto da crise financeira que levaria ao pedido de ajuda externa por parte de Portugal em 2011.
Hoje, André Ventura, presidente do Chega, disse ter sido o único "responsável" pelo protesto, depois de ter sido noticiado que o Ministério Público vai investigar o sucedido, na sequência de uma denúncia anónima.
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