O líder do Partido Socialista (PS) na Madeira, Paulo Cafôfo, já reagiu à queda do governo da Madeira, que teve 'luz verde' após uma moção de censura aprovada.
"Não podemos andar de crise política em crise política. Isso vai acontecer enquanto Miguel Albuquerque não decidir, de uma vez por todas, retirar-se - até para poder defender-se dos crimes de corrupção pelos quais é indiciado", afirmou em declarações aos jornalistas.
O socialista apontou ainda que o poder estava na mão do povo da Madeira, atirando: "Não podemos ter medo de eleições".
"Os madeirenses e portossantenses têm de ter a consciência de que podemos - e o poder está nas suas mãos - de garantir estabilidade e a estabilidade não voltará a ser garantida com o PSD e com Miguel Albuquerque", atirou, dizendo que a situação em que a Madeira se encontra é um "pântano" criado por Albuquerque e pelo PSD.
Ir a eleições, na verdade, é uma fuga à Justiça. Está refugiado e escudado na sua imunidade enquanto Conselheiro de Estado
Questionado sobre as declarações de Albuquerque, que garantiu que vai a eleições, o socialista defendeu: "Parece que é muito corajoso por ir a eleições. Ir a eleições, na verdade, é uma fuga à Justiça. Porque está refugiado e escudado na sua imunidade enquanto Conselheiro de Estado. Coragem não é ir a eleições. Coragem era sair neste momento e enfrentar as acusações de que é alvo e dos crimes de que é indiciado e sair não pensando em si, mas no bem dos madeirenses".
Cafôfo voltou a reiterar que uma solução no quadro parlamentar não é possível e deixou um alerta para os partidos da oposição, que "não podem ter tabus". "Nem podemos fazer sempre o que fizemos porque os resultados serão os mesmos. Unimo-nos para chumbar o orçamento. Era bom que além de chumbarmos o orçamento e derrubarmos o governo, tivéssemos a responsabilidade de pôr egos e umbigos de lado. Não há uma solução governativa que não possa passar entre os partidos políticos de oposição. E não há uma solução que não passe pelo PS."
E o aviso estendeu-se ao povo madeirense, que "não deve ter medo da mudança". "Não vamos fazer nenhuma revolução", atirou, defendendo: "Só pode uma mudança dando força ao Partido Socialista".
A moção de censura recebeu os votos a favor de toda a oposição - PS, JPP, Chega, IL e PAN, que juntos reúnem 26 eleitos, ultrapassando assim os 24 necessários à maioria absoluta -, enquanto o PSD e o CDS-PP (que tem um acordo parlamentar com os sociais-democratas) votaram contra.
A aprovação da moção de censura, uma situação inédita no arquipélago, implica, segundo o Estatuto Político-Administrativo da Madeira, a demissão do Governo Regional e a permanência em funções até à posse de uma nova equipa.
Em novembro, o Chega justificou a apresentação do documento com as diferentes investigações judiciais envolvendo Miguel Albuquerque e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos.
[Notícia em atualização]
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