Conduta? PS quer regras até ao verão, PSD com dúvidas mas admite discutir

O PS defendeu hoje a revisão do Código de Conduta dos deputados até final da sessão legislativa, frisando que propôs regras e não sanções, com o PSD a duvidar que se possa regular a boa educação, mas admitindo discutir.

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Lusa
19/02/2025 15:38 ‧ há 2 dias por Lusa

Política

Conduta

No final de uma reunião de três horas, a conferência de líderes remeteu o debate sobre um eventual agravamento de sanções a deputados para um grupo de trabalho já existente para a revisão do Código de Conduta dos Deputados.

 

Em declarações aos jornalistas, o vice-presidente da bancada do PS Pedro Delgado Alves frisou que o partido apresentou na reunião "um conjunto de princípios" para iniciar o debate que gostaria de ver concluído até ao verão e considerou que, à exceção do Chega, houve um consenso quer quanto à preocupação com o tema, quer quanto à necessidade de encontrar soluções.

"Mais do que sanções, o que queremos são medidas que permitam à mesa e às mesas das comissões ou do plenário reagir perante os factos e poder ter ferramentas para assegurar a condução dos trabalhos", disse, questionado por que razão o PS não propõe sanções de natureza pecuniária.

Entre outras medidas, o PS propõe que um deputado possa ser retirado da sala de sessões em caso de reiterada conduta grave, defende a possibilidade de suspensão de participação em ações externas em representação do parlamento e a introdução da figura da admoestação.

"É o caminho que, numa primeira fase, nos parece preferível e até porque nos parece poderem potencialmente ter um consenso mais alargado", justificou, dizendo que o PS recusa que estas medidas tenham "uma dimensão sancionatória", mas apenas de garantia de que "os trabalhos parlamentares podem funcionar".

No final da conferência de líderes, o presidente da bancada parlamentar do PSD, Hugo Soares, recusou pronunciar-se em concreto sobre as propostas do PS, uma vez que apenas lhe foram apresentadas na reunião, mas reiterou ter dúvidas que se possa regular a boa educação e que devem ser os eleitores a penalizar as bancadas que não a têm em futuras votações.

"O Presidente da Assembleia da República já tem poderes próprios que se conferem à gestão dos trabalhos parlamentares. E eu não queria contribuir para achincalhar ainda mais o prestígio das instituições", afirmou.

Hugo Soares salientou que a legitimidade de todos os deputados é igual, do presidente ao parlamentar da última fila: "Serem deputados a aplicarem sanções a deputados é um princípio com o qual eu tenho dificuldade em conviver".

"Isso significa que o PSD se oponha ao revisitar das normas dos códigos de condutas ou do Regimento? Não. Eu acho que há sempre caminho que se pode fazer, desde que seja feito com bom senso", disse.

À esquerda, BE e Livre manifestaram concordância que a discussão se faça no âmbito do grupo de trabalho sobre o Código de Conduta e defenderam que a degradação do ambiente parlamentar tem como único responsável o partido Chega.

"O Código de Conduta deve ser densificado, devem ser criados novos instrumentos que permitam defender o debate parlamentar", afirmou o líder parlamentar do BE Fabian Figueiredo, ressalvando que o partido nunca proporá sanções, mas "mecanismos de defesa da democracia parlamentar, medidas dissuasoras do insulto".

Isabel Mendes Lopes, líder parlamentar do Livre, salientou que foi o seu partido que pediu um estudo de direito comparado sobre o que se faz em outros parlamentos há dois anos e deixou também um apelo ao presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, para que "seja mais interventivo".

"Vamos estar no grupo de trabalho que vai finalmente olhar para medidas que o Livre já tinha pedido para serem adotadas e fazer pressão para que a discussão seja feita em poucas semanas. Não podemos permitir que os trabalhos parlamentares sejam condicionados sempre pela mesma bancada", disse, sem excluir propostas de sanções pecuniárias.

Já a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, considerou que o Regimento da Assembleia da República "já tem instrumentos que permite a intervenção por parte da Mesa" do parlamento, mas admitiu aperfeiçoamentos.

"Não nos parece que o caminho seja a aplicação de sanções ao exercício do mandato de deputado que vão para lá do que a Constituição permite", afirmou.

Pela IL, a líder parlamentar Mariana Leitão manifestou igualmente "grande reserva na aplicação de sanções ou mecanismos adicionais para limitar a ação dos deputados".

"A primeira responsabilidade deve estar em cada um, nas lideranças das bancadas e nas dos partidos", disse.

Pelo CDS-PP, o presidente da bancada Paulo Núncio voltou a dizer que as faltas de educação no parlamento não são exclusivas da bancada do Chega, estendendo as críticas também à esquerda e ao PS.

"O CDS não considera que as sanções sejam um caminho adequado, não está na nossa prática parlamentar", afirmou, dizendo que o povo "é o verdadeiro soberano" para sancionar os deputados nas eleições.

Leia Também: Revisão de Conduta não deve "contribuir para achincalhar" instituições

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