"Já falei com o doutor Miguel Albuquerque telefonicamente e ficámos de reunir ao fim da tarde para tentar um acordo que permita dar um Governo para quatro anos à Madeira, que é aquilo que a região necessita", afirmou em declarações à RTP José Manuel Rodrigues, que foi o único deputado eleito pelos democratas-cristãos nas eleições regionais antecipadas de domingo.
Considerando que a mensagem que o eleitorado deu nas regionais antecipadas, que o PSD venceu com 43,43% dos votos e 23 lugares na Assembleia Legislativa, falhando a maioria por um deputado, foi no sentido de os partidos se entenderem "em nome da estabilidade política e da governabilidade da região", José Manuel Rodrigues acrescentou que está "tudo em aberto.
"O acordo pode ser um entendimento parlamentar e pode ser um acordo de coligação, está tudo em aberto, vai depender da conversação que terei com o doutor Miguel Albuquerque ao fim da tarde", referiu, ressalvando, contudo, que em termos de exigências dos democratas-cristãos em primeiro lugar estão as propostas do partido, porque "as coligações não são fusões".
Questionado se entre as exigências estará a atribuição de uma secretaria regional ao CDS-PP ou a sua continuação como presidente da Assembleia Legislativa Regional, José Manuel Rodrigues disse que isso "não está por enquanto em cima da mesa" e que primeiro será preciso assentar a forma de entendimento e com base em que políticas e soluções para os problemas da Madeira.
"Tudo questões que estão em primeiro lugar em cima da mesa, os lugares vêm depois", referiu, assegurando que não faz questão de ser presidente do parlamento da Madeira, cargo que exerceu durante cinco anos.
"Essa não é uma condição para dizer sim ou não a um acordo com o PSD, há outras perspetivas em cima da mesa de eu poder colaborar nesta solução de estabilidade para a Madeira", acrescentou.
O líder do CDS-PP Madeira revelou ainda que também já trocou mensagens com o líder do JPP, a segunda força política mais votada nas eleições de domingo, para o felicitar.
"Mas, não trocamos impressões sobre qualquer perspetiva de acordo, acho muito difícil esse acordo, porque teria de ser uma união de todos os partidos", adiantou ainda, referindo-se ao facto de, no domingo, Élvio Sousa ter admitido o cenário de um governo alternativo, com a união da oposição.
Interrogado se o CDS-PP estaria disponível para uma solução dessas, José Manuel Rodrigues recordou que sempre disse estar disposto para discutir com todos os partidos, mas que houve "um sinal inequívoco" que saiu das eleições de domingo, "que é uma vitória do PSD com 23 deputados".
Quanto ao acordo com o PSD, o líder do CDS-PP indicou ainda acreditar que "nas próximas horas ou dias" haverá conclusões.
Segundo informação disponibilizada pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, o PSD obteve 62.085 votos (43,43%) e 23 lugares (mais quatro) na Assembleia Legislativa Regional, constituída por um total de 47 deputados.
O Juntos Pelo Povo (JPP) alcançou 30.094 votos (21,05%) e 11 mandatos no parlamento regional, enquanto o PS passou de segundo para terceiro lugar, com 22.355 votos (15,64%) e oito lugares, seguido do Chega, que elegeu três deputados, a Iniciativa Liberal (IL) e o CDS-PP, que obtiveram um cada.
Estas foram as terceiras legislativas realizadas na Madeira em cerca de um ano e meio, tendo concorrido um círculo único 14 candidaturas: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.
A Assembleia Legislativa da Madeira passa agora a ser composta por 23 deputados do PSD (ficou a um da maioria absoluta) 11 do JPP, oito do PS, três do Chega, um do CDS-PP e outro da IL.
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