"Esta comissão de inquérito é mais um ataque do PSD à CGD, de modo a preparar uma futura privatização", lançou João Paulo Correia durante a audição de José de Matos, presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) na comissão de inquérito.
O deputado socialista reforçou que o PSD "pretende colocar a CGD no centro da polémica política", causando "danos irreparáveis ao valor do banco".
"Isto parece uma autópsia a um corpo vivo. Concorda?", perguntou o deputado a José de Matos.
"Essa expressão tem algum interesse. É um facto. É evidente. Mas não lhe posso dizer muito mais do que isso", afirmou o líder da CGD.
Já questionado sobre o impacto que esta comissão de inquérito pode ter na reputação do banco público no estrangeiro, José de Matos jogou à defesa.
"Não me atrevo a fazer uma avaliação sobre isso. Os senhores considerariam de certeza que isso era um desrespeito perante este órgão de soberania", afirmou.
E realçou: "Ao longo destes cinco anos percebi que toda a gente acha que pode falar sobre a Caixa. Mas a maior parte das vezes só se dizem coisas desagradáveis. Por isso, prefiro que não se fale".
De resto, José de Matos destacou que há "70 e tal mil milhões de depósitos seguros na CGD", um banco que sobreviveu à "crise de confiança" e que "representa 20% do sistema bancário português".
As audições da comissão parlamentar de inquérito à CGD arrancam hoje com a audição do presidente do banco público, José de Matos.
Depois de escutado José de Matos, os deputados ouvem, na quinta-feira, o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e, na sexta-feira, o ministro das Finanças, Mário Centeno.
A comissão parlamentar de inquérito à Caixa, imposta potestativamente por PSD e CDS-PP, tomou posse a 05 de julho na Assembleia da República, sendo presidida pelo social-democrata José Matos Correia.
A comissão de inquérito vai debruçar-se sobre a gestão do banco público desde o ano 2000 e abordará o processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, atualmente em negociação com Bruxelas.