Luís Capoulas Santos, ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, foi esta noite entrevistado pela primeira vez sobre a tragédia que se abateu sobre as populações de Pedrógão Grande. Uma entrevista tensa, onde Capoulas Santos foi inquirido, por Clara de Sousa, sobre se estava de consciência tranquila face a esta perda de vida humana, sendo ele responsável pela tutela que trata as florestas.
“Estou com o coração destroçado, mas estou obviamente de consciência tranquila”, respondeu o ministro, sustentando que a sua ação neste Governo tem sido “precisamente para evitar que tragédias destas ocorram em Portugal” mas ressalvando que “ordenar a floresta em Portugal é trabalho para mais do que uma geração e para vários governos”.
Recordado das funções exercidas nesta mesma pasta nos governos de António Guterres, José Sócrates e António Costa, Capoulas Santos recusa a ideia de ser “o rosto mais visível deste fracasso”, como acusou Clara de Sousa.
“Com a minha passagem no Governo foram criadas as equipas de sapadores florestais”, recordou. Nunca atingiu o objetivo (500 equipas) mas “agora existem 240”. Capoulas Santos sublinhou, ainda, que nos últimos três meses trabalhou diariamente junto da Administração Interna. Fez “dezenas de reuniões” e organizou “vários Conselhos de Ministros” embora a comunicação social “nunca tenha tido o mínimo interesse neste tema”.
De acordo com o ministro, trabalhou em 12 diplomas, dos quais sete já foram aprovados e os restantes estão em aprovação.
Há vários diplomas: para “criar entidades de gestão florestal (públicas e privadas)”, para “criar um regime generoso de incentivos fiscais para estas entidades”, para criar um “regime de cadastro simplificado para identificar património, mesmo aquele que é desconhecido”, para criar um banco de terras que permita que o património sem dono conhecido, ao abandono, cheio de mato, seja integrado num banco de terras que o Estado subarrenda”. Capoulas Santos falou ainda em atribuir aos municípios competências para as fiscalizações.
Ainda assim, justifica, diz ter ouvido críticas. “Ouvi críticas de vários lados contra a expansão da área de eucalipto em Portugal e sobre o banco de terras”, afirmou. Sobre as responsabilidades políticas nesta tragédia, o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural afiança que “terão de ser apuradas”.
Em relação às medidas que estão a ser tomadas para apoiar as vítimas, Capoulas Santos diz que primeiro é preciso “acudir às pessoas” e depois “recuperar património”. “Estamos em condições de indemnizar todos os agricultores que tiveram prejuízos”, falando em animais, máquinas agrícolas, etc. Há também mecanismos para “garantir alojamento a pessoas que ficaram sem casa” e “foi acionado o fundo de calamidades da União Europeia para outro tipo de prejuízos”.