Portugal tem "oportunidade de ouro" com a crise

O presidente do grupo José de Mello, Vasco de Mello, considerou hoje numa teleconferência que Portugal pode ter uma "oportunidade de ouro" para o relançamento económico pós-covid-19.

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Lusa
07/05/2020 20:32 ‧ 07/05/2020 por Lusa

Economia

Coronavírus

O empresário considerou que Portugal "tem uma oportunidade de ouro", em termos económicos, na sequência da pandemia de covid-19, porque "vão ser alteradas cadeias de fornecimentos, em que Portugal pode aproveitar, no fundo, as vantagens competitivas que tem e explorar essas novas atividades".

"Há hoje muita produção que está na Ásia. Esta crise demonstrou a dependência que toda a Europa e que o mundo ocidental tem, nomeadamente da China, e penso que vai haver muitas oportunidades e Portugal tem de conseguir explorar essas mesmas vantagens", disse Vasco de Mello da Nova numa teleconferência promovida pela SBE (faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa)

O gestor considerou que no país há uma dificuldade "em assumir que há um mercado competitivo", prevendo "que a competição, o investimento, vai ser cada vez maior", e que Portugal deve "criar as condições para jogar num campo de igualdade de circunstâncias" com outros países.

"Não pode haver a desculpa de que somos um país mais pobre e mais endividado", vincou, referindo que a forma de captar investimento é "ter condições competitivas" idênticas aos países com quem Portugal se compara.

Na mesma conferência, o antigo ministro da Economia Manuel Caldeira Cabral salientou a dinâmica ligada, por exemplo, ao setor da agricultura e fruticultura.

O atual vogal do Conselho de Administração da Autoridade de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) lembrou a recente modernização das "empresas dos setores dos frescos e frutas, que antes eram muito ligados ao mercado nacional", e que se organizaram e orientaram para as exportações.

"Eu penso que no contexto dessa crise, pelo menos dos sinais dados até agora, os setores agroalimentares não serão dos mais afetados, até podem ser afetados indiretamente com outra questões que as pessoas ainda não estão a antecipar, como por exemplo a falta de trabalhadores", acrescentou.

Dada a natureza de consumo associado à agricultura, Caldeira Cabral antecipa que o setor "será, em geral, menos afetado, e isso é uma oportunidade em termos de atração para o investimento".

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 263 mil mortos e infetou cerca de 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios. 

Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.105 pessoas das 26.715 confirmadas como infetadas, e há 2.258 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

O "Grande Confinamento" levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.

Para Portugal, o FMI prevê uma recessão de 8% e uma taxa de desemprego de 13,9% em 2020.

 

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