De acordo com uma carta aberta à nova administração da Teleperformance, que recentemente tomou posse, uma das preocupações do sindicato prende-se com a perda de 60% da campanha de um dos seus clientes, nomeadamente da sucursal em Portugal do WiZink, que está especificamente alocada ao edifício da Teleperformance em Setúbal.
"Sabemos que dos mais de 90 trabalhadores que desempenham neste momento as suas funções na campanha de 'Collections" do referido cliente, apenas 30 trabalhadores irão para já, permanecer na mesma. Isto significa que entre realocações noutras campanhas e despedimentos disfarçados de não renovações contratuais, estão já neste preciso momento mais de 60 pessoas, diretamente atingidas por esta redução de atividade", refere.
Atualmente, indica, tendo em conta os números avançados pela própria administração da Teleperformance Portugal, 99% dos trabalhadores da empresa no país encontram-se neste momento em teletrabalho devido à pandemia.
"Queremos saber pela própria administração da Teleperformance Portugal e pelo seu novo CEO [presidente executivo] o Sr. Augusto Martinez Reyes, quais são os planos/objetivos da empresa para o seu edifício na cidade de Setúbal? O objetivo será, como as evidências deixam transparecer, que o mesmo já não volte a reabrir?", questiona.
O STCC questiona ainda o que acontecerá a estes trabalhadores agora realocados em regime de teletrabalho em outras campanhas em diferentes pontos do país, se após a pandemia os clientes e/ou a própria Teleperformance optarem por trabalho presencial nessas campanhas.
"E quanto aos custos inerentes ao teletrabalho, como eletricidade, internet, água, bem como equipamentos, qual será a política que a Teleperformance irá adotar daqui para a frente como empresa de "referência" no setor?", pergunta também.
O sindicato questiona também sobre o objetivo da empresa de em 2021 abrir "aproximadamente mais 2.000 oportunidades" de emprego.
Neste caso, refere, "qual a razão da não renovação de contratos a termo, neste e noutros projetos da empresa em Portugal? Ainda para mais, com a crise económica e social que já se faz sentir além da própria crise pandémica".
"Gostaríamos de pensar, e principalmente quem trabalha na Teleperformance Portugal (mais de 11 mil pessoas), que a partir de agora haverá lugar à devida valorização do fator humano por parte da nova administração", afirma.
O sindicato teme, no entanto, que o objetivo da empresa em Portugal e da sua nova administração, continue "a assentar o seu modelo de crescimento no aumento da precariedade e exploração laboral através não só da manutenção de baixos salários e agora, com o "novo normal", através da massificação do teletrabalho sem direitos aproveitando-se das falhas da sua (des)regulamentação".
"Pior ainda, os "velhos hábitos" de completa ausência de diálogo, desrespeito e nalguns casos mesmo, desprezo pelos mais elementares e básicos direitos dos trabalhadores, infelizmente parecem persistir com a nova administração da Teleperformance Portugal", refere.
"Fazemos votos para que esse diálogo se inicie agora, com a Teleperformance Portugal a responder às questões colocadas nesta carta aberta", conclui.
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