Pelo menos 167,7 milhões de imigrantes integravam a força de trabalho dos seus países de destino em 2022, o que representa um aumento de 30 milhões no espaço de uma década, ainda que essa tendência seja irregular e tenha sido travada entre 2019 e 2022 devido ao impacto da pandemia.
"Os trabalhadores migrantes são indispensáveis para fazer face à escassez mundial de mão-de-obra e contribuir para o crescimento económico", destacou o diretor-geral da OIT, Gilbert Houngbo, durante a apresentação do relatório.
A forte presença dos trabalhadores imigrantes no setor do serviço é explicada, sobretudo, pela procura global de cuidados e trabalho doméstico, os quais são na sua maioria empregos ocupados por mulheres.
Apesar da necessidade de mão-de-obra feminina, a brecha de género mantém-se e as trabalhadoras migrantes representam apenas 38,7% da mão-de-obra total.
Segundo o organismo, a menor inclusão no mercado de trabalho deve-se, em parte, às barreiras estruturais e a práticas discriminatórias em mercados de trabalho, que "dificultam as oportunidades de emprego para as mulheres migrantes em maior grau do que para os homens".
O nível de vida e as oportunidades de emprego nos países de destino são os maiores incentivos para os trabalhadores migrantes, e, por isso, a grande maioria estava, em 2022, em países de alto rendimento (68,4%).
Por outro lado, 17,4% optaram por países de médio-alto rendimento, 10,9% por países de médio-baixo rendimento e apenas 3,3% por países de baixo rendimento.
Nesta linha, a Europa (excluindo a Europa de Leste) acolhe a maior percentagem de trabalhadores migrantes (23,3%), seguida pela América do Norte 22,6% e pelos países árabes 13,5%.
Estas últimas duas sub-regiões registaram um ligeiro declínio no número de trabalhadores migrantes nos últimos 10 anos, devido ao endurecimento das políticas migratórias em alguns dos países que as integram, segundo a análise da OIT.
Os peritos deste organismo apelaram ainda a políticas específicas de apoio aos migrantes internacionais, bem como a um maior acesso a oportunidades de trabalho digno e a uma maior proteção dos seus direitos enquanto trabalhadores.
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