As embarcações em causa, o Bolgoneft 212 e o Bolgoneft 239, transportavam cerca de 9.200 toneladas de óleo combustível, um produto que é um resíduo do crude, e sofreram danos irreparáveis em águas que banham a Federação Russa e a península da Crimeia, território reconhecido pela maioria dos países como parte da Ucrânia, mas ocupado pela Rússia desde 2014.
O governador da região russa de Krasnodar, Veniamin Kondratyev, afirmou que o petróleo ainda não tinha chegado à costa, depois da operação de resgate ter sido lançada no domingo.
O petroleiro Bolgoneft 212 encalhou e ficou sem proa, com um dos elementos da tripulação de 13 marinheiros a morrer, confirmou o Ministério de Situações de Emergência da Rússia.
Já o Bolgoneft 239 ficou à deriva depois do acidente e encalhou a 80 metros da linha costeira, perto do porto de Taman, na região russa de Krasnodar, com os 14 tripulantes a serem posteriormente resgatados.
Ausente da Rússia desde 2023, ano em que foi classificada como "organização indesejável" pelo Governo de Moscovo, a Greenpeace afirmou, em comunicado, que vai monitorizar o derrame de óleo combustível e vincou que o acidente tem potencial para "ser grave".
"É provável que, ao ser impulsionado pelo vento e pelas correntes predominantes, [o derrame] seja extremamente difícil de conter nas atuais condições climatéricas. Se for levado para terra, causará incrustações na costa, que serão difíceis de limpar", avisou Paul Johnston, chefe dos Laboratórios de Pesquisa do Greenpeace, com sede na Universidade de Exeter, no Reino Unido.
Passagem entre o mar de Azov e o mar Negro, o estreito de Kerch tem sido um dos 'palcos' do conflito entre a Ucrânia e a Rússia, com Mykhailo Podolyak, conselheiro do chefe do gabinete do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, a descrever o derrame de petróleo como um "desastre ambiental em grande escala" da guerra e apelou a sanções adicionais aos petroleiros russos.
"Os acidentes em dois navios enferrujados no estreito de Kerch resultaram noutro desastre ambiental em grande escala na nossa guerra. Milhares de toneladas de óleo combustível foram derramadas pelo Bolgoneft 212 e pelo Bolgoneft 239, causando danos trágicos nos ecossistemas do mar de Azov e do mar Negro", escreveu hoje, na rede social X (antigo Twitter).
Leia Também: Polónia defende que Rússia deve ser "forçada" a negociar com Kyiv